Antonia Angelina C.
Anjos *
Maria José Oliveira
Santos
Maria Magalhães
Rodrigues
Introdução
Este
trabalho tem o objetivo de responder algumas perguntas sobre produção da
linguagem nos primeiros anos de vida da criança.
A
metodologia utilizada consiste em pesquisa bibliográfica e entrevista aos pais
de uma criança de três anos com observação da mesma nas suas primeiras
manifestações de linguagem.
O
trabalho responde as perguntas e logo depois traz uma discussão sobre os dados
observados da criança pesquisada e da entrevista feita com os pais, sobre sua
produção de Linguagem.
Falar sobre
desenvolvimento da linguagem não é uma tarefa das mais fáceis. Inclusive muitos
teóricos tentaram explicar a aquisição da linguagem cada qual segundo suas
concepções. É o caso do lingüista Noam Chomsky, a linguagem é inerente ao ser
humano, é uma dotação genética inata. Já para Skinner, o processo de
desenvolvimento da linguagem se dava pela exposição do ser com o meio e com
mecanismos comportamentais como reforço, estimulo e resposta. Jean Piaget, diz
que por volta dos 18 meses, a criança tem experiências armazenadas e diante da
sua interação com o ambiente e da superação do estágio sensório motor acontece
o desenvolvimento da linguagem.
Mas
quando podemos situar o inicio da linguagem? Tomando como referência Paule
Aimard em seu estudo sobre o surgimento da linguagem, a interação entre adulto
e criança nos primeiros momentos de vida constitue-se fator importante no
processo de produção da linguagem. O relacionamento em que mãe e filho se olham
e a mãe estimula o bebê, com palavras do tipo “é o bebê da mamãe... sim? É sim!
Se a criança responde com sorrisos, e produz pequenos sons como se estivesse
respondendo ao estimulo da mãe, dando inicio a uma comunicação. E que Aimard
(1998, p, 56) Completa: “O adulto não tenta ensinar nada á criança, eles são
felizes juntos. A comunicação. Passa por olhares, sorrisos, posturas, voz”.
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* Acadêmicas do curso de letras da UVA, 3º período
Além
desses primeiros momentos de construção de linguagem, rudimentar, deve-se
considerar os fatores motores do tipo: a criança levanta a cabeça, chupa um
pano, rabisca, imita os adultos, folheia as paginas do livro, caminha, sobe e disse
de uma escada, diverte-se com os sons que produz, etc., junto da atenção,
emoção e percepção constitui-se num conjunto importante para o inicio da
produção da linguagem.
Nos
primeiros meses de vida, a criança desenvolve uma pré-linguagem. Caracteriza-se
pelos olhares, sorrisos e produção de sons, que vão evoluindo passando pelas
articulações dos lábios, até que haja a produção de balbucio. São sons vocálicos,
inclusive da vogal [a], Por ser mais fácil de ser pronunciada, e não requer
muito esforço por parte da criança, pois o som da vogal [a] é medial e não
arredondada e conseqüente das vogais e, i, u. Mas a produção do balbucio só
ocorrer por volta do primeiro ano de vida da criança.
Por
volta do segundo ano de vida a criança começa a dizer as primeiras palavras.
Geralmente, as mais esperadas são “Papai e Mamãe.” Mas, isto não é regra e pode
ser que estas não sejam primazes. Entretanto, a primeira palavra certamente
fará referência á algo que lhe é familiar.
Nesta
fase, a criança utiliza-se da fala dos adultos com os quais convive como
modelo. O que lhe permitirá a aquisição das primeiras palavras.
Neste
sentido, nos diz AIMARD(1998, p.64): “Nessas aquisições, o adultos desempenha
diversos papéis. Em primeiro lugar, é o provedor de modelos.”
Neste
caso, o papel do adulto torna-se essencial porque é neste período que ocorre a
chamada ecolalia, que consiste na repetição do final das palavras pronunciadas
pelos adultos, como se fosse um eco.
É
também durante o segundo ano, que ocorrem as primeiras combinações de palavras,
ou seja, as primeiras frases. E embora sejam apenas frases simples, as chamadas
holófrases, exprimem muito mais do que uma simples palavra.
Isso
ocorre devido ao fato de a criança ainda ter um número reduzido de palavras em
seu vocabulário não sendo suficiente para exprimir a compreensão, do mundo ao
seu redor que já é superior ao número de palavras que a mesma consegue pronunciar.
A Criança possui aptidões inatas, para desenvolver a linguagem, porém para que
isso ocorra ela precisa tomar um banho de linguagem. Os pais são os
responsáveis por esse banho de linguagem, são eles que estimulam seus bebês a
balbuciar quando se dirigem a eles com diálogo. A criança passa a ouvir o mundo
sonoro, por isso e muito importante os pais fazerem essa interação adulto e
criança. Normalmente os adultos usam enunciados bastante simples para a criança
compreender seus diálogos. Os bebês também recorrem ás formas de comunicação
não verbais, como os gestos, as mímicas, uma entoação rica e marcada, a fim de
atrair a atenção da criança. Esta linguagem que o adulto utiliza para se
comunicar é variável à medida que a criança vais crescendo. Certamente a
linguagem usada para se dirigir a um bebê, não seria igualmente empregada para
uma criança de quatro anos por exemplo.
Os
pais desempenham durante o diálogo um duplo papel, são responsáveis pela
apresentação dos modelos de linguagem para a criança, más também procuram
compreender o que ela quer dizer. É importante que eles corrijam as frases sem
pressionar demais. Assim a criança aprende a conversar dando espaço para seu
ouvinte também falar.
Essa
forma de correção não deve ser demasiada e nem muito abertamente corretivo,
pois isso será importantíssimo para a criança construir sua linguagem (AIMARD,
1998).
A
língua é adquirida e desenvolvida conforme o crescimento da criança. O bebê
evolui a cada dia mediante a gestos, sorrisos e olhares, posteriormente
iniciará o balbucio até as primeiras palavras. Esse desenvolvimento é inerente
á linguagem e cada criança progride conforme o seu próprio ritmo.
Em
anexo observaremos características de aquisição da linguagem, onde foi
realizada uma entrevista com pais de uma criança que denominaremos X.
X é uma
criança esperta e bastante observadora. Gosta de conversar com as pessoas e faz
muitas perguntas. Na fase do balbucio ela já sabia imitar sons de animais como
o da vaca, do galo e do cachorro.
Suas primeiras
palavras foram: não, bais (mais) ,mamãe e neném. Em seguida surgiram as
perguntas: cadê o Dodô?(vovô) cadê mamãe? O nenê vai? Sempre quando via alguém pronto para sair de
casa. Suas frases eram bastante repetitivas quando aprendia algo novo ex: quero
“bais” não! (mais), quero “pupula”! (pula-pula), quero botinha (motinha), quero
“Abuçar” (almoçar).
Suas
maiores hesitações e falhas ocorrem pela troca de algumas consoantes. Em todas
as palavras com “m” ele substitui por “b”, ex: Baria (Maria) exceto mamãe. Substitui
também “V” por “D” Dodô (vovô), a consoante “C” por “T”, tasa (casa) e o Q pelo
T, tente (quente).
Seus
pais desde cedo sempre conversavam e faziam brincadeiras com a criança e
acreditam que isso ajudou no seu rápido processo de fala. Embora corra essas
trocas de consoantes os pais procuram corrigi-las fazendo a criança repetir de
forma correta.
Conclusão
Ao
longo deste trabalho chegou-se a conclusão de quanto é importante o papel dos
pais interagindo com a criança no processo de aquisição da linguagem. Pois é
através desta interação adulto-criança que as aptidões inatas referentes à
linguagem, existentes em cada criança, são acionadas.
Portanto,
quanto mais os pais intensificam a comunicação com a criança, mais cedo ela
desenvolverá sua linguagem.
Referências Bibliográficas
AIMARD, Paule. O
surgimento da linguagem na criança.
Tradução de Cláudia Schilling. Porto Alegre: Artmed, 1998.
BALIEIRO JR, Ari Pedro. Psicolingüística. In MUSSALIN,
Fernanda; BENTES, Anna Christina.(orgs.). Introdução
à lingüística: domínios e fronteiras, v.2. São Paulo: Cortez, 2001.
SCARPA, Ester Mirian. Aquisição da linguagem. In MUSSALIM,
Fernanda; BENTES, Ana Christina. (orgs.). Introdução
á lingüística: domínios e fronteiras, v.2 São Paulo: Cortez, 2001.
SHAYWAITZ, Sally. Entendendo
a Dislexia: um novo e completo programa para todos os níveis de problemas
de leitura. Tradução de Vinícius Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2006.
STERNBERG, Robert J. Psicologia
cognitiva. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
Anexo
Nome da Criança:
Cid Clenildo da Silva Neto
Idade: 3 anos (36
meses)
Nome dos Pais:
Cid Clenildo da Silva Filho
Juliana Calen Almeida
Cidade: Camocim
Quais foram as
primeiras palavras da criança?
Não, bais (mais), mamãe e neném.
Quais as suas
primeiras frases?
Quero bais não!
Quero pupula (pula-pula)
Quero abuçar (almoçar)
Quero botinha (motinha)
Quais as palavras com
mais hesitações e falhas?
A troca das consoantes, m por b ex: Bária (Maria)
C pelo T, tasa (casa), V pelo D Dodô (vovô) e
Q pelo T, tente (quente).
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