Clarisse Costa Morais[1]
O presente artigo tem por objetivo
transmitir informações precisas de como se dá a aprendizagem da fala na
criança. Abordaremos como e quando ocorrem as primeiras palavras, as primeiras
frases, dificuldades que algumas crianças enfrentam no decorrer da aquisição.
O ato de falar é algo próprio do ser humano,
Deus deu o dom da fala apenas ao homem, o poder de se comunicar com os demais
seres. Sabemos, porém, que os animais também se comunicam, mas não através da
fala como o ser humano, ou seja, falar é próprio do homem.
De
acordo com Chomsky falar é de natureza inata ao homem, ou seja, segundo este,
já nascemos preparados para falar. Consoante ao pensamento de Chomsky, podemos
observar semelhante idéia ao nos deparar com Robert J. Sternenberg, quando este
aborda usando as palavras de Chomsky, J. Sternenberg (2008, p.315).
Nem a natureza, por si só, nem aquilo que
adquirimos explica todos os aspectos da aquisição da linguagem. Sendo assim,
como a natureza pode facilitar a aquisição no processo? Talvez os seres humanos
tenham um dispositivo de aquisição de
linguagem (language-acquisition device – LAD), um mecanismo biologicamente inato que facilite a aquisição da
linguagem (Chomsky, 1965, 1972), Ou seja, nós, seres humanos, parecemos estar
biologicamente pré-configurados para adquirir linguagem.
Porém, quando iniciamos a
fase de “aprender” a linguagem? Percebe-se que os bebês tenham seus primeiros
sinais de comunicação logo nos primeiros meses de vida, especialmente depois do
terceiro mês. Nessa fase seus códigos de comunicação são geralmente olhares,
sorrisos, posturas ou até mesmo gritos. O bebê comunica-se especialmente com
sua mãe através de sorrisos e olhares, ou seja, é uma fase de comunicação
gestual.
Passada a fase dos gestos,
vem a fase do balbucio, estes são os “barulhinhos” que as crianças produzem na
tentativa de chamar a atenção, ou se comunicar com as pessoas ao seu redor. Os
balbucios podem ser articulados ou inarticulados, estes incluem longos sons
vocálicos, já aqueles incluem os distintos fonemas vocálicos e consonantais.
O balbucio começa partir do terceiro
ou quarto mês conforme Aimard (1998, p.62).
O balbucio evolui. No princípio a criança
produz qualquer tipo de sons e todos os ruídos de boca possíveis, como se fosse
um balbucio ”selvagem”. Depois, devido ao seu próprio funcionamento, esse
balbucio evolui, adaptando-se, cada vez aos modelos fonéticos ouvido, ou seja,
progressivamente ele vai se limitar ao sistema fonético da língua materna.
Será, porém, por volta dos
10 meses ou um pouco depois que a criança começa a falar suas primeiras
palavras. É nesta fase que há uma reduplicação silábica, por exemplo, “titia”.
O bebê produz ruídos com os lábios e com a língua e é neste momento que o bebê
passa a imitar alguns sons, como o da chuva, por exemplo, ou de animais.
Consoante Aimard (1998,
p.62) “Não é normal que um bebê de 24 meses não balbucie, não faça ruídos com a
boca, nem tente imitar a voz”.
Já no segundo ano o bebê
diz suas primeiras palavras. Geralmente as primeiras palavras do bebê são “Papai”
e “Mamãe”, porém a primeira palavra poderá ser uma outra qualquer, causando
pânico nos pais, uma vez que “papai” e “mamãe” são as mais esperadas. As
primeiras palavras podem ser de diversos tipos como papai, mamãe, bebê,
chupeta, água, biscoito, pão, sapato.
Nesta fase os adultos
desempenham um papel muito importante, conforme Aimard (1998, p.64):
Nessas
aquisições, o adulto, desempenha diverso papés, Em primeiro lugar, é o provedor
de modelos. Todos já percebemos que frequentemente a criança repete o fim da
nossa frase, ou as últimas palavras, como se fosse um eco. Isto recebe o nome
ecolalia, e é muito construtivo, pois ao repetir a criança memoriza a forma das
palavras e adquire o hábito de utilizá-las.
É nesta idade ainda que a
criança produz suas primeiras frases, porém, estas são constituídas por apenas uma palavra, todavia querendo
dizer algo a mais, na tentativa de se comunicar ou transmitir a sua vontade.
Exemplos das primeiras frases produzidas: ci
papa (obrigado) teto (está
quente); dodo ni (acabou).
Conforme Aimard (1998,
p.66) “uma criança de dois anos diz pelo menos cerca de 10 palavras diferentes”.
Contudo, observa-se nesta fase o desejo de conhecer as palavras, a curiosidade
da comunicação.
Já no terceiro ano a criança
tem seu próprio diálogo, comunica-se com as demais pessoas de forma espontânea.
Já domina os fonemas e o léxico.
Perante os fatos, pode-se
dizer que a língua é adquirida como conseqüência normal do desenvolvimento
maturacional da criança. Pois conforme foi observado, a criança já nasce apta
para falar e seu desenvolvimento vai se dando conforme o tempo.
Há, porém alguns fatores
que impedem a criança de falar como, por exemplo, uma dicção ou ainda fatores
patológicos. Existem ainda diversas superstições a respeito dessas “falhas” no
ato de falar.
Dentre essas superstições
diz-se que quando a criança está demorando a falar, basta dar água-de-chocalho
para esta e o problema estará resolvido, a criança falara “pelos cotovelos”. Todavia
isto é apenas uma superstição e não é comprovado cientificamente. É um relato
que vai passando de geração em geração
Até o presente momento apresentamos
neste artigo o método como se dá a aquisição da linguagem na criança. Para
ressaltar tal informação, foi entrevistada a mãe de uma criança e foram feitas
diversas perguntas para esta a respeito de como se deu a aquisição da linguagem
em sua criança.
Ao indagar a mãe quais foram as primeiras
palavras que sua criança falou, a mesma respondeu muito sorridente que foram as
seguintes palavras: “papai, titia, vovó e
mamãe”.
Perguntei-lhe ainda quais
foram as primeiras frases que a criança falou então ela respondeu que foram as
seguintes: Chim e sear. Quando a
criança dizia Chim estava pedindo
para mamar no peito da mãe, ou seja, ela estara dando o recado que estava com
fome e já estava na hora de comer. E sear
querendo dizer que queria passear, pedia isto quando era banhada e vestida
a sua roupa. Decorou algumas vogais e algumas famílias como BA, BE, BO, isto por ouvir seu irmão mais
velho, de cinco anos a pronunciá-las. A mãe afirmou que o filho sentiu algumas
dificuldades ao pronunciar algumas palavras como jumento, pois pronunciava
“umento”; e café chamava “fé” ou “fefe”; comida era “mida”; banana era
“nanana”.
Para que seu filho aprenda
novas palavras a mãe sempre diz e repete para a criança algumas palavras como
por exemplo: A mãe vê uma cabra e diz: “Olha amor a cabra, o nome dela é
cabra”, e pede para que a criança repita. Ou ainda o gato miando, o cachorro
latindo.
Pude observar a criança de
perto e constatei que a criança possui hoje (aos 27 meses) um vocabulário muito
rico em diversas palavras.
BIBLIOGRAFIA
AIMARD, Paule. O surgimento da linguagem na criança. Porto Alegre: Artmed, 1998.
STERNBERG,
Robert. J. Psicologia cognitiva.
Porto Alegre: Artmed, 2008.
[1] *Aluna
do curso de Letras, turno matutino, prof°. Vicente Martins, da Universidade
Estadual Vale do Acaraú.
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