sábado, 6 de outubro de 2012

A aprendizagem da linguagem na criança





Clarisse Costa Morais[1]


    O presente artigo tem por objetivo transmitir informações precisas de como se dá a aprendizagem da fala na criança. Abordaremos como e quando ocorrem as primeiras palavras, as primeiras frases, dificuldades que algumas crianças enfrentam no decorrer da aquisição.
         
 O ato de falar é algo próprio do ser humano, Deus deu o dom da fala apenas ao homem, o poder de se comunicar com os demais seres. Sabemos, porém, que os animais também se comunicam, mas não através da fala como o ser humano, ou seja, falar é próprio do homem.
De acordo com Chomsky falar é de natureza inata ao homem, ou seja, segundo este, já nascemos preparados para falar. Consoante ao pensamento de Chomsky, podemos observar semelhante idéia ao nos deparar com Robert J. Sternenberg, quando este aborda usando as palavras de Chomsky, J. Sternenberg (2008, p.315).


Nem a natureza, por si só, nem aquilo que adquirimos explica todos os aspectos da aquisição da linguagem. Sendo assim, como a natureza pode facilitar a aquisição no processo? Talvez os seres humanos tenham um dispositivo de aquisição de linguagem (language-acquisition device – LAD), um mecanismo biologicamente inato que facilite a aquisição da linguagem (Chomsky, 1965, 1972), Ou seja, nós, seres humanos, parecemos estar biologicamente pré-configurados para adquirir linguagem.


Porém, quando iniciamos a fase de “aprender” a linguagem? Percebe-se que os bebês tenham seus primeiros sinais de comunicação logo nos primeiros meses de vida, especialmente depois do terceiro mês. Nessa fase seus códigos de comunicação são geralmente olhares, sorrisos, posturas ou até mesmo gritos. O bebê comunica-se especialmente com sua mãe através de sorrisos e olhares, ou seja, é uma fase de comunicação gestual.
Passada a fase dos gestos, vem a fase do balbucio, estes são os “barulhinhos” que as crianças produzem na tentativa de chamar a atenção, ou se comunicar com as pessoas ao seu redor. Os balbucios podem ser articulados ou inarticulados, estes incluem longos sons vocálicos, já aqueles incluem os distintos fonemas vocálicos e consonantais.
          O balbucio começa partir do terceiro ou quarto mês conforme Aimard (1998, p.62).

O balbucio evolui. No princípio a criança produz qualquer tipo de sons e todos os ruídos de boca possíveis, como se fosse um balbucio ”selvagem”. Depois, devido ao seu próprio funcionamento, esse balbucio evolui, adaptando-se, cada vez aos modelos fonéticos ouvido, ou seja, progressivamente ele vai se limitar ao sistema fonético da língua materna.


Será, porém, por volta dos 10 meses ou um pouco depois que a criança começa a falar suas primeiras palavras. É nesta fase que há uma reduplicação silábica, por exemplo, “titia”. O bebê produz ruídos com os lábios e com a língua e é neste momento que o bebê passa a imitar alguns sons, como o da chuva, por exemplo, ou de animais.
Consoante Aimard (1998, p.62) “Não é normal que um bebê de 24 meses não balbucie, não faça ruídos com a boca, nem tente imitar a voz”.
Já no segundo ano o bebê diz suas primeiras palavras. Geralmente as primeiras palavras do bebê são “Papai” e “Mamãe”, porém a primeira palavra poderá ser uma outra qualquer, causando pânico nos pais, uma vez que “papai” e “mamãe” são as mais esperadas. As primeiras palavras podem ser de diversos tipos como papai, mamãe, bebê, chupeta, água, biscoito, pão, sapato.
Nesta fase os adultos desempenham um papel muito importante, conforme Aimard (1998, p.64):


Nessas aquisições, o adulto, desempenha diverso papés, Em primeiro lugar, é o provedor de modelos. Todos já percebemos que frequentemente a criança repete o fim da nossa frase, ou as últimas palavras, como se fosse um eco. Isto recebe o nome ecolalia, e é muito construtivo, pois ao repetir a criança memoriza a forma das palavras e adquire o hábito de utilizá-las.


É nesta idade ainda que a criança produz suas primeiras frases, porém, estas são  constituídas por apenas uma palavra, todavia querendo dizer algo a mais, na tentativa de se comunicar ou transmitir a sua vontade. Exemplos das primeiras frases produzidas: ci papa (obrigado) teto (está quente); dodo ni (acabou).
Conforme Aimard (1998, p.66) “uma criança de dois anos diz pelo menos cerca de 10 palavras diferentes”. Contudo, observa-se nesta fase o desejo de conhecer as palavras, a curiosidade da comunicação.
Já no terceiro ano a criança tem seu próprio diálogo, comunica-se com as demais pessoas de forma espontânea. Já domina os fonemas e o léxico.
Perante os fatos, pode-se dizer que a língua é adquirida como conseqüência normal do desenvolvimento maturacional da criança. Pois conforme foi observado, a criança já nasce apta para falar e seu desenvolvimento vai se dando conforme o tempo.
Há, porém alguns fatores que impedem a criança de falar como, por exemplo, uma dicção ou ainda fatores patológicos. Existem ainda diversas superstições a respeito dessas “falhas” no ato de falar.
Dentre essas superstições diz-se que quando a criança está demorando a falar, basta dar água-de-chocalho para esta e o problema estará resolvido, a criança falara “pelos cotovelos”. Todavia isto é apenas uma superstição e não é comprovado cientificamente. É um relato que vai passando de geração em geração
Até o presente momento apresentamos neste artigo o método como se dá a aquisição da linguagem na criança. Para ressaltar tal informação, foi entrevistada a mãe de uma criança e foram feitas diversas perguntas para esta a respeito de como se deu a aquisição da linguagem em sua criança.
 Ao indagar a mãe quais foram as primeiras palavras que sua criança falou, a mesma respondeu muito sorridente que foram as seguintes palavras: “papai, titia, vovó e mamãe”.
Perguntei-lhe ainda quais foram as primeiras frases que a criança falou então ela respondeu que foram as seguintes: Chim e sear. Quando a criança dizia Chim estava pedindo para mamar no peito da mãe, ou seja, ela estara dando o recado que estava com fome e já estava na hora de comer. E sear querendo dizer que queria passear, pedia isto quando era banhada e vestida a sua roupa. Decorou algumas vogais e algumas famílias como BA, BE, BO, isto por ouvir seu irmão mais velho, de cinco anos a pronunciá-las. A mãe afirmou que o filho sentiu algumas dificuldades ao pronunciar algumas palavras como jumento, pois pronunciava “umento”; e café chamava “fé” ou “fefe”; comida era “mida”; banana era “nanana”.
Para que seu filho aprenda novas palavras a mãe sempre diz e repete para a criança algumas palavras como por exemplo: A mãe vê uma cabra e diz: “Olha amor a cabra, o nome dela é cabra”, e pede para que a criança repita. Ou ainda o gato miando, o cachorro latindo.
Pude observar a criança de perto e constatei que a criança possui hoje (aos 27 meses) um vocabulário muito rico em diversas palavras.  

BIBLIOGRAFIA
AIMARD, Paule. O surgimento da linguagem na criança. Porto Alegre: Artmed, 1998.
STERNBERG, Robert. J. Psicologia cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2008.


























[1] *Aluna do curso de Letras, turno matutino, prof°. Vicente Martins, da Universidade Estadual Vale do Acaraú.

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