Cileya de Fátima Neves Moreira[1]
Maria Elizania Clares Sousa[2]
Resumo: Escrever bem torna-se cada vez
mais importante em nossa sociedade, tanto nas relações profissionais quanto nos
contatos entre amigos. Para isso, precisamos conhecer e aprender as mudanças
apresentadas pelo novo Acordo ortográfico da Língua Portuguesa, que já está
vigorando no Brasil neste ano de 2009. A seguir, trataremos, especificamente,
sobre a acentuação gráfica das palavras, ou seja, as novas regras, críticas e
desafios que emergem em virtude desse novo contexto.
Palavras-chave: Acordo ortográfico; acentuação
gráfica; reforma ortográfica.
Expressas nas
Bases VIII, IX, X, XI, XII, XIII e XIV do Acordo, as regras sobre acentuação
gráfica das palavras trazem novos desafios para o ensino da Língua Portuguesa.
A eliminação de acentos, certamente, simplifica a
tarefa de escrever, porém retira da escrita informações úteis com relação à
pronúncia, sendo, portanto, mais desafiador alfabetizar os novos falantes da
língua portuguesa. Isso acontece com a eliminação do trema. Ficará difícil
saber quando a sequência qu equivale a /k/ ou a /kw/, como nas
próprias palavras: equivale e seqüência. De modo geral, a ausência dos
acentos, torna prejudicada a leitura de uma palavra que se desconhece ou de
cuja pronúncia não se tem certeza, visto que, a principal função dos acentos
gráficos encontra-se na constituição da pronúncia da palavra.
Contudo, o Acordo Ortográfico já está em vigor e,
por esse motivo, faz-se necessário que conheçamos a nova ortografia. Até 2012
todos os livros didáticos de todas as séries passam a adotar, obrigatoriamente,
a nova ortografia.
Neste
sentido, das regras sobre acentuação gráfica, destacamos:
1. Acentuam-se com acento agudo as palavras oxítonas com mais de
uma sílaba terminadas no ditongo nasal grafado -em (excepto as formas da
3.ª pessoa do plural do presente do indicativo dos compostos de ter e vir:
retêm, sustêm; advêm, provêm; etc.) ou -ens: acém, detém,
deténs, entretém, entreténs, harém, haréns, porém, provém, provéns, também;
Bem como, as palavras oxítonas com os ditongos abertos grafados em: éi, -éu ou
-ói, podendo estes dois últimos ser seguidos ou não de -s: anéis,
batéis, fiéis, papéis; céu(s), chapéu(s), ilhéu(s), véu(s); corrói (de
corroer), herói(s), remói (de remoer), sóis.
2. Nas palavras paroxítonas, não se acentuam graficamente os
ditongos representados por ei e oi da sílaba tônica, dado que
existe oscilação em muitos casos entre o fechamento e a abertura na sua
articulação: assembleia, boleia, ideia, tal como aldeia, baleia, cadeia,
cheia, meia; coreico, epopeico, onomatopeico, proteico; alcaloide, apoio (do
verbo apoiar), tal como apoio (subst.), Azoia, boia, boina, comboio (subst.),
tal como comboio, comboias, etc. (do verbo comboiar), dezoito,
estroina, heroico, introito, jiboia, moina, paranoico, zoina.
3. Prescinde-se,
quer do acento agudo, quer do circunflexo, para distinguir palavras paroxítonas
que, tendo respetivamente vogal tônica aberta ou fechada, são homógrafas de
palavras proclíticas. Assim, deixam de se distinguir pelo acento gráfico: para
(á), flexão de parar, e para, preposição; pela(s) (é),
substantivo e flexão de pelar, e pela(s), combinação de per e
la(s); pelo (é), flexão de pelar, e pelo(s) (ê),
substantivo ou combinação de per e lo(s); polo(s) (ó),
substantivo, e polo(s), combinação antiga e popular de por e lo(s);
etc.
4. Assinalam-se com acento circunflexo, obrigatoriamente, pôde (3.ª
pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo), que se distingue da
correspondente forma do presente do indicativo (pode);
5. Prescinde-se
de acento circunflexo nas formas verbais paroxítonas que contêm um e tônico
oral fechado em hiato com a terminação -em da 3.ª pessoa do plural do
presente do indicativo ou do conjuntivo, conforme os casos: creem, deem (conj.),
descreem, desdeem (conj.), leem, preveem, redeem (conj.), releem,
reveem, tresleem, veem.
6. Prescinde-se
igualmente do acento circunflexo para assinalar a vogal tónica/tônica fechada
com a grafia o em palavras paroxítonas como enjoo, substantivo e
flexão de enjoar, povoo, flexão de povoar, voo,
substantivo e flexão de voar, etc.
7. Prescinde-se do acento agudo nas vogais
tônicas grafadas i e u das palavras paroxítonas, quando elas
estão precedidas de ditongo: baiuca, boiuno, cauila (var. cauira),
cheiinho (de cheio), saiinha (de saia).
8. O
trema, sinal de diérese, é inteiramente suprimido: arruinar, constituiria,
depoimento, esmiuçar, faiscar, faulhar, oleicultura, paraibano, reunião;
abaiucado, auiqui, caiuá, cauixi, piauiense; aguentar, anguiforme, arguir,
bilíngue (ou bilingue), lingueta, linguista, linguístico;
cinquenta, equestre, frequentar, tranquilo, ubiquidade.
Obs.: Conserva-se, no entanto, o trema, de
acordo com a base I, 3.º, em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros:
hübneriano, de Hübner, mülleriano, de Müller, etc.
Bibliografia:
ACADEMIA
BRASILEIRA DE LETRAS. Vocabulário
Ortográfico da Língua Portuguesa. 3. ED. Rio de Janeiro, 1999.
CINTRA, Geraldo.
Algumas considerações sobre o Acordo
Ortográfico. Disponível em: <http: // www.fflch.usp.br/eventos/simelp/new/pdf/mes/07.pdf>.
Acesso em: 26 mai. 2009.
SANTOMAURO,
Beatriz; VICHESSI, Beatriz. Uma nova
grafia. São Paulo, jan./fev. 2009. Seção Reportagens. Disponível em: <http:
// www.novaescola.org.br>.
Acesso em: 27 mai. 2009.
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Disponível
em: <http: //www.priberam.pt/docs/AcOrtog90.pdf>. Acesso em: 02
jun. 2009.
[1] Pós-graduanda
em Língua Portuguesa e Literatura pela UVA e Professora, graduada em Letras
Habilitação em Língua Portuguesa e suas Respectivas Literaturas pela
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA).
[2]. Pós-graduanda
em Língua Portuguesa e Literatura pela UVA e Professora, graduada em Letras
Habilitação em Língua Portuguesa e suas Respectivas Literaturas pela
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA).
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