Maria
da Lapa Lopes Freitas
A presente
pesquisa tem como objetivo apresentar os resultados obtidos sobre Alfabetização
e Letramento, que compreende uma dimensão social, política, cultural e
educacional, em que envolve um complexo processo de elaboração de hipóteses
sobre a representação lingüística. O mundo letrado exerce sobre as pessoas que
já não lhes basta a capacidade de desenhar letras ou decifrar o código da
leitura, mas sim exigir verdadeira condição para a sobrevivência e a conquista
da cidadania. No primeiro capítulo em que fala sobre os fundamentos teóricos,
ficou esclarecido que hoje além de conhecer o funcionamento do sistema de
escrita e poder se engajar em práticas sociais letradas precisamos nos
preocupar com a diferença entre alfabetizar e letrar. Enquanto a alfabetização
se ocupa da aquisição da escrita por indivíduo ou grupo de indivíduos, o
letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de uma sociedade.
Isto mostra que os dois processos são importantes e, por esta razão os mesmos
devem acontecer simultaneamente, justamente por conta da dimensão social das
várias manifestações escritas em cada comunidade. Através desta definição
podemos compreender que o letramento como um conjunto de práticas sociais, que
será necessário o domínio da língua escrita, e isto, só ocorrerá, se as
crianças começarem a utilizar esta escrita de forma significativa. Por esta
razão não será aconselhável estudar isoladamente o código, porque aprender a
ler e escrever não indica exclusivamente o conhecimento das letras e do modo de
decodificá-los, mas a possibilidade de usar esse conhecimento em benefício de
formas de expressão e comunicação, pois é de nosso conhecimento, a maioria dos
jovens termina o 2° grau sem nenhuma habilidade de expressão e comunicação,
dominado pelo medo e a timidez, por falta do contato do conhecimento prático
social que estes jovens não vieram a ter. Ferreiro tenta expressar de forma
estritamente o perigo da dissociação entre o aprender a escrever e usar a
escrita, devido o retrocesso, pois para ela isto representa a volta do
tradicional, compreensão instrumental da escrita, quando a mesma é uma
defensora de práticas pedagógicas contextualizadas e significativas para o
sujeito . Portanto, Emília Ferreiro, como outros estudiosos do letramento
apelam para o resgate das efetivas práticas sociais da língua escrita e, o que
há de oposição entre os mesmos, é simplesmente o ponto de vista conceitual:
alfabetizar letrando significa descobrir, usar e aprender a escrita.
Sumário
Introdução .........................................................................................................................07
Capítulo 1- Fundamentos Teóricos ..................................................................................09
1.1– Conceito de Alfabetização
........................................................................................09
1.2– Conceito de Letramento ............................................................................................16
1.3- Conceito de Leitura
...................................................................................................20
1.4- Conceito de Escrita ...................................................................................................27
1.5- Os modelos de alfabetização
em leitura ....................................................................35
1.6- O letramento como perspectiva
crítica para o processo de alfabetização ...............45
Capítulo 2- Letramento e
Desenvolvimento Nacional ....................................................49
2.1 – Responsabilidade Social pelo
Letramento..............................................................49.
2.2 – Avaliação da Competência
Leitora dos Alunos.....................................................53.
2.3-- Condições Necessárias ao
Letramento....................................................................61
2.4 – Letramento e o Novo perfil
do Profissional da Alfabetização................................65
Capítulo 3 – Parte
Especial...............................................................................................70
3.1 – Pró—Letramento-.....................................................................................................70
3.2 Comentários à prática do pró-letramento a partir dos relatórios de
tutoria no município de Cariré
(Ce).......................................................................................76
Considerações
Finais.........................................................................................................82
Bibliografia-......................................................................................................................83
INTRODUÇÃO
Por ocasião da elaboração desta
monografia, tento resgatar através de pesquisa
os fundamentos teóricos e práticos sobre leitura e as modernas práticas
de alfabetizar através da cultura escrita.A mesma resulta de muito esforço e
dedicação, na qual pude fazer reflexões a respeito da importância da
alfabetização e do letramento, processos educativos estes, que segundo as
pesquisas são inseparáveis, devido os mesmos poderem acontecer simultaneamente
No 1º
momento, destacarei os fundamentos teóricos sobre o processo da alfabetizar
letrando, através de conceitos, em que será abordadas várias estratégias de
leitura e escrita, fundamentada em autores consagrados em que descreve a
alfabetização através de uma aprendizagem significativa. Além disso, será
também dado ênfase ao método global, por ser o que mais se aproxima para a
construção do conhecimento da criança em relação a leitura e a escrita. Método
que nos faz acreditar que por meio dele, a criança terá uma aquisição mais
objetiva e real das capacidades sobre a leitura diversificada no mundo da
cultura escrita.
No decorrer
do desenvolvimento desta pesquisa será enfatizado da importância do ato de ler
e escrever, ainda que a criança não domine tais habilidades de modo
convencional.Além desses aspectos,serão abordados também vários modelos de
leitura, partindo da própria realidade da criança, por ela já possuir
conhecimentos prévios de sua cultura, e daí facilitar o processo de escrita.Os
Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa de 1º a 4º séries
ressaltam que:
“Não se formam bons leitores solicitando
aos alunos que leiam apenas durante as atividades na sala de aula, apenas no
livro didático, apenas porque o professor pede. Eis a primeira e talvez a mais
importante estratégia didática para a prática de leitura: o trabalho com a
diversidade textual. Sem ela pode-se até ensinar a ler,mas certamente não se
formarão leitores competentes”.(1997. 55)
Tendo em vista esta afirmação, concordo
plenamente,com o fato da criança ter oportunidade de adquirir um conhecimento
diversificado, e daí despertar o
interesse pela leitura não mais de forma obrigatória, mas sim de maneira prazerosa.
Ainda,
nesta pesquisa, veremos a teoria da Psicogênese da Escrita de Emília Ferreiro e
Ana Teberosk, em que serão apontadas modernas práticas de alfabetizar, desde a
formulação das hipóteses até a solidificação do conhecimento real do processo
da aquisição do sistema de escrita, através das hipóteses do processo de
alfabetização, que compreende: pré-silábica,
silábica alfabética. Conhecendo
estes três processos facilitará para o professor saber aplicar a avaliação
diagnóstica.Nesta mesma oportunidade veremos o letramento como desafio e
expectativa para algumas escolas, que
ainda limita o conhecimento para a criança aprender distanciada de sua
vivência. Junto a essa abordagem será dado importância a responsabilidade, as
condições e o perfil do profissional na cultura letrada.
Assuntos
esses serão abordados no 2º capítulo, por retratar o letramento no âmbito
nacional . Para reforçar esta pesquisa, a autora Sylvia Bueno Terzi, em sua
obra: a construção da leitura, e
outros autores, terão participação bem significativa com relação a importância
do compromisso para com o letramento nas suas diversas dimensões :
social,política,conômica e cultural. Sendo que essas duas últimas requerem uma
atenção maior, devido a maioria de nossas crianças pertencerem a comunidade
pobre, em questão econômica e conseqüentemente em cultura Por esta razão, a
pesquisa trará maiores esclarecimentos
sobre a responsabilidade e compromisso sério das escolas para se
alfabetizar letrando
No 3º
capítulo, será dado enfoque a parte específica do curso Pró-letramento, que tem
como objetivo auxiliar o professor nas modernas práticas de alfabetizar dentro
da cultura escrita, num período de três anos, com crianças de seis, sete e oito
anos, Por ser o momento mais importante na aquisição do conhecimento das
mesmas.O mesmo se desenvolve devido sua estrutura com relação as propostas e
a avaliação dentro de uma dinâmica de
grupo, através da qual se dá todo apanhado do conhecimento teórico e prático.
Ainda fará parte do estudo do 3º
capítulo, a experiência do curso pró-Letramento, através das aulas ministradas
com professores do 1º ao 5º ano, que dará como subsidio aos futuros leitores um
vasto conhecimento teórico, além da análise prática dos resultados do curso
pró-Letramento na cidade de Cariré.
1.FUNDAMENTOS TEÓRICOS
1.1- Conceito de Alfabetização
Historicamente, o conceito de
alfabetização, definia o ensino-aprendizado do sistema alfabético de escrita.
Isto significa, na leitura, desenvolver a capacidade de decodificar os sinais
gráficos, transformando-os em sons e, na escrita, a capacidade de codificar os
sons da língua, transformando-os em sinais gráficos.
Na história no ensino do Brasil, as
primeiras cartas ou cartinhas de alfabetização foram produzidas em Portugal,
chegando até nós no final do século XVI. Entretanto são esparsas as informações
sobre cartilhas entre os séculos XVI e XVIII, já o século XX foi marcado pela
expansão das escolas e pelo bom editorial dos livros didáticos. Nas cartilhas,
a opção pelo método-analítico, sintético ou misto,definia o formato das lições,
as orientações para o professor e as atividades para os alunos, de forma
fragmentados e descontextualizados. Atualmente, as cartilhas cederam espaço
para os livros de alfabetização distribuídos para todas as escolas. Os alunos
podem ler e escrever em seus próprios livros, que se baseiam em diferentes
concepções sobre ensinar e aprender a ler e a escrever, sempre na perspectiva
do letramento.
A partir dos anos 80, o conceito de alfabetização foi ampliado pelas
contribuições dos estudos sobre a psicogênese da língua escrita,
particularmente pelos trabalhos de Emília Ferreiro e Ana Teberovsky. De acordo
com esses estudos, o aprendizado do sistema de escrita não se reduziria ao
domínio de correspondências grafo-fonêmicas (a decodificação e a codificação),
mas se caracterizaria como um processo ativo no qual a criança, desde seus
primeiros contatos com a escrita, constrói e reconstrói hipóteses sobre a
natureza e o funcionamento da língua escrita como um sistema de representação.
Além das contribuições da psicogênese
da escrita, também as necessidades da vida social contemporânea mostraram as
limitações do conceito de alfabetização compreendido apenas como o domínio das
“primeiras letras”. Progressivamente, o termo passou a designar o processo não
apenas de ensinar e aprender as habilidades de codificação e decodificação, mas
também o domínio dos conhecimentos que permitem o uso dessas habilidades em
práticas sociais de leitura e escrita.O termo alfabetizado, nesse
quadro, passou a designar não apenas aquele que domina as
correspondências grafo-fonêmicas, mas também aquele que utiliza esse domínio em
situações sociais de uso da língua escrita. Diante dessas novas exigências que
surgiu o termo alfabetização funcional criada com a finalidade de incorporar as
habilidades de uso da leitura, da escrita e, posteriormente, a palavra
letramento.
Com
surgimento dos termos letramento e alfabetização funcional, muitos
pesquisadores passaram a preferir distinguir alfabetização e letramento,
passaram a utilizar o termo alfabetização em seu sentido restrito para designar
o aprendizado inicial da leitura e da escrita, da natureza e do funcionamento
do sistema de escrita. Passaram correspondentemente, a reservar os termos
letramento ou, em alguns casos, alfabetismo.
Funcional para designar os usos (e as competências de uso) da
língua escrita. Outros pesquisadores tendem a preferir utilizar apenas o termo
alfabetização para significar tanto o domínio do sistema de escrita, quanto os
usos da língua escrita em praticas sociais.
Nesse caso, quando sentem a necessidade de
estabelecer distinções, tendem a utilizar as expressões “aprendizado do sistema
de escrita” e “aprendizado da linguagem escrita”.
O
desafio que se coloca para os primeiros anos da educação fundamental é o de
conciliar esses novos termos de alfabetizar, assegurando aos alunos a aquisição
do sistema da escrita e as condições possibilitadoras do uso da língua nas
práticas sociais de leitura e escrita.
Assim,
entende-se que a ação pedagógica mais adequada e produtiva é aquela que
contempla, de maneira articulada e simultânea, a alfabetização e o letramento.
Dentro
desta ação pedagógica que ocorre, simultaneamente, nesse novo processo de
aprendizagem, o educando irá desenvolver as capacidades lingüísticas de ler,
escrever, falar, ouvir, e compreender em situações diferentes das familiares.
Mas as mesmas não acontecem espontaneamente, elas precisam ser ensinadas
sistematicamente e, isso ocorre, principalmente nos anos iniciais da Educação
Fundamental.
Sabe-se que os três anos iniciais da
Educação Fundamental não esgotam essas capacidades lingüísticas e
comunicativas, que se desenvolve ao longo de todo o processo de escolarização e
das necessidades da vida social. Sabe-se, também, que o trabalho a ser feito
nesses três anos iniciais não seesgota na alfabetização ou no desenvolvimento
dessas
capacidades lingüísticas. Mas elas são importantes porque é
na alfabetização e no aprendizado da língua escrita que vêm se concentrando os
problemas localizados não apenas na escolarização inicial, como também em
fracassos no percurso do aluno durante sua escolarização.
Para amenizar esse fracasso, faz-se
necessário adquirir no seu processo de alfabetização um conhecimento
fundamental sobre a natureza da relação entre a escrita e cadeia sonora das
palavras que os alunos tentam escrever ou ler. Analisando as relações entre a
fala e a escrita, muitas crianças chegam, Por exemplo, a elaborar as hipóteses
silábicas, acreditando que cada letra representa uma sílaba e não um fonema,
conforme já descreveram os estudos da psicogênese da escrita.
É necessário que o alfabetizador (a) saiba
identificar e compreender esse tipo de raciocínio feito pelos alunos, para
conseguir orientá-los com sucesso na superação dessa hipótese e na descoberta
da explicação que realmente funciona para o sistema de escrita do português.
Esse aprendizado, que representa um avanço
decisivo no processo de alfabetização, se realiza quando o aluno entende que o
princípio geral que regula a escrita é a correspondência “letra - som”, ou, em
termos técnicos mais apropriados, grafema-
fonema.
Portanto, o
modelo técnico do processo de alfabetização inicial sustentará a proposta de
trabalho que concebe a aprendizagem escrita como um simples sistema de
representação, em que essa aprendizagem se converte na apropriação de um novo objeto
de conhecimento. A proposta se fundamenta nas descobertas de
Ferreiro e teberosky que averiguaram as hipóteses de construção da escrita
realizada pelas crianças
e os modos
pelos quais, em
trabalho conjunto, estas a transformaram em novo instrumento de expressão de
suas próprias experiências de representação da realidade e da comunicação com
os outros.
Nessa nova
visão de alfabetização, podemos concluir que quando a criança chega à escola já
domina a sua língua utilizando-a efetivamente em situações de comunicação,
porém o mesmo não se pode dizer com relação à linguagem escrita. Os professores
por desconhecerem as descobertas que, a partir dos anos 70, vêm desvendando a
natureza e especificidade do processo de alfabetização, trabalham a escrita com
os alunos como se esta fosse um mero código de transcrição da fala.A alfabetização
inicial é considerada em função da relação entre “método” e a maturação da
criança, não levando em conta a natureza do objeto de conhecimento.
Conhecer a história dos métodos de
alfabetização pode levar o professor a identificar permanências e princípios
norteadores que vão ajudá-lo a alfabetizar, levando em conta a situação
específica das salas de aula, os conteúdos a ensinar, os processos cognitivos
dos alunos e suas dificuldades e facilidades em adquirir certas habilidades.
Métodos que surgem com a proclamação da
república, em que houve um processo de expansão do ensino no Brasil.Os
primeiros grupos escolares surgem em são Paulo, em 1892, e depois em todo o
país institui-se, nesses grupos, a divisão em séries, o que gera, então, a
necessidade de materiais específicos para cada turma.O ideário republicano
nacionalista traz a preocupação em produzir materiais “mais brasileiros”,
deixando de lado os termos tipicamente portugueses e os conteúdos voltados para
a história de Portugal.
Ocorre
aí uma mudança no emprego dos métodos: certo rompimento com sintéticos e
progressiva difusão dos analíticos (globais), que partem de unidades
significativas dos línguas, como palavras, sentenças ou histórias, focalizando
primeiro o sentido e a memorização, para depois partir para a análise das
sílabas e fonemas.
Os métodos globais são classificados em: a) de palavração, b) de sentenciação, c)
de historietas d) de contos. Como o
próprio nome indica, o método da palavração toma como unidade inicial às
palavras, que são memorizadas por meio de repetitiva visualização. Só depois a
atenção é dirigida ás sílabas, letras e sons. Segundo os defensores desses
métodos, a vantagem de começar pela palavra, é que ela é considerada, ao mesmo
tempo, unidade da língua e do pensamento. O método da sentenciação segue uma
lógica parecida, mas começa a análise pela frase. Já o método de historietas
utiliza como ponto de partida pequenas histórias, com sentido completo em si
mesmas. No caso do método de contos, os materiais didáticos trazem uma
seqüência de contos, com sentidos complementares, para serem trabalhados ao
longo do ano. Ambos os métodos têm como principais objetivos desenvolver no
aluno a capacidade de compreensão, além de treiná-lo na habilidade de antecipar
e seguir seqüências de idéias relacioná-las entre si e memorizá-las.Com
histórias e contos, a leitura é estimulada como fonte de informação e de
prazer.
Na
década de 1920 ocorreram reformas educacionais em vários estados brasileiros,
buscando consolidar o ideário republicano. As reformas colocaram o aluno no
centro do processo de educação. A mesma foi um marco por que instituiu a adesão
oficial aos métodos analíticos.
No bojo da reforma Francisco Campos,
idealizou-se a escola de aperfeiçoamento, com o objetivo de difundir o método
global e o ideário da escola nova na educação primária em minas. O
escolanovismo preconizava a função socializadora da escola, a centralidade do
individuo no processo de aprendizagem, a educação para a vida, o caráter
cientifico da educação, com contribuições da psicologia, da sociologia, dentre
outras. Lúcia Casasanta, responsável por ensinar os métodos de alfabetização ás
professoras na escola de aperfeiçoamento, era uma das maiores defensoras do
método global de contos.
A implantação do método global foi
influenciada pelas pesquisas realizadas na psicologia e pelos trabalhos de
Decroly, que defendia um período preparatório para a alfabetização, com uso de
jogos pedagógicos que possibilitassem ás crianças a passagem do concreto ao
abstrato e o desenvolvimento das discriminações auditiva, visual e tátil.
A adesão aos métodos analíticos representa
também uma mudança da concepção de alfabetização, que passa a considerar que
apenas a decodificação não é suficiente.O desenvolvimento do processo de
compreensão de modo relativamente independente da decodificação passa a ser
considerado um importante aspecto da alfabetização.
O
educador precisa ter clareza dos caminhos que vai seguir e, saber adequar o que
vai ser ensinado a quem vai ensinar e para quê? Pois o mesmo tem de estar
seguro em relação ao método que usa e pensar no que é valido para os seus
alunos, no que ele deve fazer para chegar ás crianças, para cativá-las. Isso é
tudo.
A supervisora do programa de formação de professores alfabetizadores (profa),
do mistério da educação, Telma Weisz afirma no jornal do alfabetizador, Letra
A, o seguinte:
“O
professor é responsável por ensinar a língua escrita e também a cultura
escrita. Há uma grande perda, tanto quando se foca na aquisição do sistema de
escrita e se abandona a cultura escrita, sem ensinar bem a aquisição do
sistema” (2005, p.08)
Compreende-se que tanto o sistema escrito como
próprio, e a cultura escrita precisam ser ensinados paralelamente e simultamamente, por
um completar o significado do outro.
Dessa forma podemos oferecer as crianças
os mais variados tipos de textos, que circulam na sociedade, com as suas
diversas funções. Se a criança estiver completamente inserida na cultura
escrita, ela terá muita chance de tornar-se uma leitora crítica e participativa
no futuro vindouro de uma sociedade.
Jean Hébrard, inspetor geral da educação nacional da França, no jornal
do alfabetizador, Letra A, afirma o seguinte:
“A
alfabetização começa aos seis anos, e compreende um período de três anos,
chamado no Brasil de 1º ciclo e na França de escola maternal. Nesse espaço de
tempo a criança constrói o capital cultural que, depois da alfabetização, vai
permitir uma inserção plena no mundo da escrita, o tetramento em seu sentido
mais amplo e completo e como capacidade de usar a escrita, precisa dessa
preparação”.(2005.p .11)
Realmente se o aluno não tiver um capital
cultural já acumulado, não poderá fazer inferências na leitura de textos muito
distantes de seu universo cultural de origem e não aprenderá coisa alguma. A
compreensão é um sistema de interferências: com um capital cultural acumulado,
você questiona e dá sentido ao texto. Para fazer inferências, o que é preciso
ensinar são exatamente o capital cultural e as ferramentas, ou alfabetização,
pois os dois se completam, até por que, segundo Ferreiro (1986), a compreensão
da natureza do sistema da escrita e sua função implicam uma série de questões,
ao lado das quais a capacidade de acompanhar um texto com os olhos se revela absolutamente secundária. A
aprendizagem da leitura e da escrita não pode restringir-se a um conjunto de
técnicas perceptivo-motoras, nem à “vontade”a motivação. Antes de tudo essa
aprendizagem implica uma aquisição conceitual.
Os
estudos realizados por Ferreiro e Teberosky sobre o processo de apropriação da
escrita constituem um suporte valioso para esclarecer a questão relativa à
aprendizagem da escrita como aquisição conceitual, ou seja, como um sistema de
representação guiado pela hipótese de que todos os conhecimentos supõem uma
gênese. As autoras se preocuparam em averiguar quais as formas iniciais de
conhecimento da língua escrita e os processos de conceitualização.
A
alfabetização considerada em seu sentido restrito de aquisição da escrita alfabética
ocorre dentro de um processo mais amplo de aprendizagem da Língua Portuguesa.
Esse enfoque coloca necessariamente um novo papel para o professor das séries
iniciais.
Alfabetizar
uma criança é difícil numa escola que, muitas vezes, quer que ela aprenda a
escrever, sem primeiro dizer que ela tem o que contar.Porque nós só escrevemos
quando temos o que dizer.A escola deveria ter mais tempo para levantar a
história pessoal da criança, o que ela já viveu, o seu sonho, pois a função da
mesma vai além de ensinar a ler,
escrever, e fazer conta de cabeça. Uma criança vai para a escola pela
afetividade pela relação humana que a mesma tem.E ela só encontrará tudo isso,
quando a escola passar a ver a literatura
com um olhar mais crítico e inovador.Pois a mesma empobrece a literatura
quando interrompe o vôo que ela permite, quando cobra tudo que oferece. Ela dá
um livro de literatura para o aluno, mas quer uma resposta.. Por isso é
importante o professor saber encantar o aluno com o que está escondido na
metáfora literária.
Nessa mesma
visão de pensamento, a coletânea do programa de formação de professores
alfabetizadores, através do texto de Rubens Alves diz:
“Ensina-se, nas escolas muita coisa que
não era necessário, que nós nunca iremos usar, depois, na vida inteira. Fui
obrigado a aprender muita coisa que não era necessária, que eu poderia ter
aprendido depois, quando e se a ocasião e sua necessidade o exigisse. É como
ensinar a arte de velejar a quem mora no alto das montanhas... Nunca usei seno
ou logaritmo, nunca tive a oportunidade de usar meus conhecimentos sobre as
causas da Guerra dos Cem Anos, nunca tive de empregar os saberes da genética
para determinar a prole resultante do cruzamento de coelhos brancos com coelhos
pretos, nunca houve ocasião que eu me valesse dos saberes sobre sulfetos. Mas
aquela experiência infantil, a professora nos lendo literatura, isso mudou
minha vida. Ao ler, acho que ela nem sabia disso, ela estava me dando a chave
de abrir o mundo”.(1996. p.M 1-U 9 T1)
Afirmações como essa, nos faz em
acreditar que realmente o sucesso da aprendizagem da criança depende da
qualidade de ensino oferecido pelas escolas, principalmente na alfabetização,
Por ser um período de adaptação e de descobertas dos conhecimentos e das
capacidades das crianças, sendo esta turma a única que no final do ano, o
professor sabe se conseguiu ou não bons resultados, isso irá depender do
conteúdo aplicado e como o mesmo irá trabalhar. Formar um aluno capaz de utilizar
a leitura e a escrita, tornando-o um leitor e produtor de textos em práticas
sociais, é a marca do sucesso da
alfabetizarão. Portanto, ensinar todas as crianças de uma turma a ler e
escrever e ainda conseguir produzir em sala de aula situações em que os alunos
concedam à escrita um significado real, é o grande desafio para o
alfabetizador.
Magda Soares em uma entrevista
concedida ao jornal do alfabetizador Letra A , afirma:
“O alfabetizador dá acesso ao maravilhoso mundo
da escrita, dá acesso aos livros,
à leitura, conduz a
criança
conquista do instrumento que abre as portas
para todo conhecimento”.(2005. p.14)
Com isso ela
quis mostrar, o quanto o alfabetizador precisa conhecer os diferentes
componentes do processo de alfabetização e do processo de letramento, para
isso, ele precisa conhecer o objeto da aprendizagem e também o processo pelo
qual se aprende esse objeto, a língua escrita.
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