Cileya de Fátima Neves Moreira¹
Maria Elizania Clares
Sousa²
Resumo:
Considerando o Novo Acordo Ortográfico entre Angola, Brasil, Cabo-Verde,
Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste,
pretendemos abordar alguns desafios e problemas para o ensino da ortografia na
Educação Básica. Nesse trabalho servimo-nos de dois artigos: “A guerra dos
métodos de alfabetização”, de autoria do Professor Vicente Martins e “O tratamento de regras de variação e
mudança.” de Stella Maris Bartoni-Ricardo,
elencando trechos homogêneos além de uma breve abordagem no âmbito do
Plano de Desenvolvimento da Educação.
Palavras-chave:
Ensino da ortografia, Educação Básica, Novo Acordo Ortográfico.
Dentre as ações voltadas para assegurar a qualidade da
Educação Básica, o Ministério da Educação – MEC, no âmbito do Plano de Desenvolvimento
da Educação – PDE, tem como um dos seus eixos prioritários a gestão democrática
da educação que implica promover autonomia da escola para deliberar acerca de
assuntos que lhe são atinentes, bem como sobre o projeto pedagógico mais
adequado ao contexto da comunidade em que a escola está inserida.
Nessa perspectiva é inquestionável a importância da
abordagem que as escolas devem adotar para conseguir desenvolver no aluno a
capacidade de codificar e recordar palavras corretas ou formas lingüísticas
socialmente aceitas, enfocando exatamente os primeiros contatos sistemáticos
dos falantes com a língua escrita, ocorrido nas séries iniciais. Ressalva-se
que nessa fase inicial da aprendizagem, a competência essencial a ser
desenvolvida á a da decodificação de palavras, o que por sua vez implica em um
processo fonológico. Nesse momento também acontece o processo de alfabetização,
que estudiosos conceituam como: Métodos analíticos ou construtivistas e,
sintéticos ou fônicos.
Tais formas de alfabetização são discutidas, há pelo
menos, um século, tanto no Brasil como na Europa, caracterizando um grande
desafio a escolha de um deles.
MARTINS³, em seu artigo entende que:
“A peleja dos métodos
de alfabetização está bem polarizada: métodos fônicos de um lado, do outro, os
construtivistas. Os métodos fônicos também são conhecidos por métodos
sintéticos ou fonéticos. Partem das letras (grafemas) e dos sons (fonemas) para
formar, com elas, sílabas, palavras e depois frases.
São vários modelos de métodos fônicos. Entre eles, o mais antigo e mais consistente, em termos de pedagogia da alfabetização em leitura, é o alfabético ou soletração, que consiste em primeiro ensinar as letras que representam as consoantes e, em seguida, unir as letras-consoantes às letras-vogais.
Os modelos alfabéticos de alfabetização em leitura, por seu turno, partem das sílabas para chegar às letras e aos seus sons nos contextos fonológicos em que aparecem. As cartilhas de ABC, durante muito tempo encontradas em mercearias ou bodegas ou mesmo mercados, eram o principal material didático e contavam com a presença forte do alfabetizador que acreditava que, pelo caminho da repetição das letras e dos seus sons, o aluno logo chegaria ao mundo da leitura.
Os métodos construtivistas de alfabetização em leitura, também chamados analíticos ou globais partem das frases que se examinam e se comparam para, no processo de dedução, o alfabetizando encontrar palavras idênticas, sílabas parecidas e discriminar os signos gráficos do sistema alfabético.”
São vários modelos de métodos fônicos. Entre eles, o mais antigo e mais consistente, em termos de pedagogia da alfabetização em leitura, é o alfabético ou soletração, que consiste em primeiro ensinar as letras que representam as consoantes e, em seguida, unir as letras-consoantes às letras-vogais.
Os modelos alfabéticos de alfabetização em leitura, por seu turno, partem das sílabas para chegar às letras e aos seus sons nos contextos fonológicos em que aparecem. As cartilhas de ABC, durante muito tempo encontradas em mercearias ou bodegas ou mesmo mercados, eram o principal material didático e contavam com a presença forte do alfabetizador que acreditava que, pelo caminho da repetição das letras e dos seus sons, o aluno logo chegaria ao mundo da leitura.
Os métodos construtivistas de alfabetização em leitura, também chamados analíticos ou globais partem das frases que se examinam e se comparam para, no processo de dedução, o alfabetizando encontrar palavras idênticas, sílabas parecidas e discriminar os signos gráficos do sistema alfabético.”
Já
MARIS, na nota de rodapé de seu artigo explica:
“Na discussão já
tradicional sobre métodos de alfabetização, são identificados dois tipos de
métodos: os analíticos, também denominados métodos de cima para baixo, que
partem do texto para as unidades menores, e os sintéticos, cuja lógica segue um
procedimento de baixo para cima, ou seja, das unidades menores, como a relação
fonema-grafema, para as maiores.”
Outro
desafio considerável para o ensino da ortografia, que vai além da mera
qualificação do professor, é o aprofundamento nos conhecimentos linguísticos.
“o
professor tem que entender o porquê de cada procedimento, em seu trabalho
pedagógico de alfabetização.” Isabel Frade (2005). Pesquisadora do Ceale
(Centro de Aquisição e Letramento).
Reforçado também com a colocação do Professor
MARTINS:
“O
grande desafio dos docentes ou dos pedagogos da leitura é, tendo conhecimento
de Lingüística e Alfabetização, levar os alunos a entenderem, ao longo do
processo de alfabetização, as noções de fonema e grafema.”
Quanto aos problemas,
identificamos os processos de alfabetização desenvolvidos nos demais países
multilíngues lusófonos africanos onde a língua, nas escolas, é o português mas
a maioria das crianças não o tem como língua materna. Ou seja, elas tem que
simultaneamente, aprender a língua estrangeira e adquirir as habilidades de
decodificá-las, na leitura e na escrita, sem o apoio da sua competência na
língua oral.
No caso brasileiro, temos
uma situação infinitamente mais favorável à aprendizagem, pois a grande maioria das crianças que chega
às escolas já é falante competente do português como língua materna.
“Estamos tão acostumados com a dupla condição
de língua majoritária do português no Brasil e de principal veículo de
expressão das culturas letradas no país, que nem sempre paramos para pensar que
os saberes de oralidade – que a grande maioria dos nossos alfabetizandos já
detêm, quando chega à escola – são um capital simbólico de muita importância no
processo de alfabetização da população brasileira.”
Outro
fator que apontamos como problemático, está relacionado a própria formação dos
profissionais (do Curso de Letras e/ou Pedagogia) que atuam ou almejam atuar,
perfeitamente descritos no trecho de MARIS, Stella:
Agregando à nossa premissa a idéia de que as
chaves para o processo de alfabetização são a decodificação de palavras e a
compreensão do código alfabético, e, considerando, ainda mais, que, para
cumprir esses requisitos iniciais, é necessário que o leitor noviço se
familiarize com o processamento fonológico das palavras, segue-se, como um
corolário, que a aquisição da consciência fonológica tem de estar no fulcro da
reflexão sobre os métodos de alfabetização adotados no país e sobre as teorias
que lhes dão sustentação. Isso é de suma importância, porque, no Brasil,
convivemos com um paradoxo: os cursos de Letras, onde os alunos têm
oportunidade de se familiarizar com o sistema fonológico do português, não
costumam dedicar-se à formação de alfabetizadores; seus currículos são voltados
para o ensino da língua no ciclo final do Ensino Fundamental e Ensino Médio.
Por sua vez, o Curso de Pedagogia e o Curso
Normal Superior, embora assumam a responsabilidade da formação dos
alfabetizadores, não incluem em seus currículos disciplinas de Lingüística
Descritiva que possam fornecer aos futuros alfabetizadores subsídios que lhes
permitam desenvolver uma consciência lingüística, ou, mais propriamente, uma
consciência fonológica.
Portanto,
sabemos que o ensino em nosso país carece de melhorar muito, tanto do ponto de
vista quantitativo como qualitativo. Cabe então, a escola através do seu núcleo
gestor, refletir sobre a forma de como fazer uso desses meios, apoiando-se na
competência linguística que os alunos possuem, para tornar mais fácil e
eficiente a aprendizagem da língua escrita e consequentemente a eficiente
decodificação às adequações ortográficas vigentes.
Referências:
BORTONI-RICARDO, Stela Maris.
SCRIPTA, v. 9 n.18, p.201-220. 2006. Artigo: Métodos de Alfabetização e
conciência fonológica: o tratamento de regras de variação e mudança.
MARTINS, Vicente. Artigo: A
guerra dos métodos na alfabetização. Disponível em: Vicente.martins@uol.com.br .
Acesso em 03.jun.2006
Nenhum comentário:
Postar um comentário