sábado, 6 de outubro de 2012

Produção de Linguagem nos primeiros momentos da vida




  



Antonia Angelina C. Anjos *
Maria José Oliveira Santos
Maria Magalhães Rodrigues




Introdução
           
            Este trabalho tem o objetivo de responder algumas perguntas sobre produção da linguagem nos primeiros anos de vida da criança.
            A metodologia utilizada consiste em pesquisa bibliográfica e entrevista aos pais de uma criança de três anos com observação da mesma nas suas primeiras manifestações de linguagem.
            O trabalho responde as perguntas e logo depois traz uma discussão sobre os dados observados da criança pesquisada e da entrevista feita com os pais, sobre sua produção de Linguagem.

Falar sobre desenvolvimento da linguagem não é uma tarefa das mais fáceis. Inclusive muitos teóricos tentaram explicar a aquisição da linguagem cada qual segundo suas concepções. É o caso do lingüista Noam Chomsky, a linguagem é inerente ao ser humano, é uma dotação genética inata. Já para Skinner, o processo de desenvolvimento da linguagem se dava pela exposição do ser com o meio e com mecanismos comportamentais como reforço, estimulo e resposta. Jean Piaget, diz que por volta dos 18 meses, a criança tem experiências armazenadas e diante da sua interação com o ambiente e da superação do estágio sensório motor acontece o desenvolvimento da linguagem.
            Mas quando podemos situar o inicio da linguagem? Tomando como referência Paule Aimard em seu estudo sobre o surgimento da linguagem, a interação entre adulto e criança nos primeiros momentos de vida constitue-se fator importante no processo de produção da linguagem. O relacionamento em que mãe e filho se olham e a mãe estimula o bebê, com palavras do tipo “é o bebê da mamãe... sim? É sim! Se a criança responde com sorrisos, e produz pequenos sons como se estivesse respondendo ao estimulo da mãe, dando inicio a uma comunicação. E que Aimard (1998, p, 56) Completa: “O adulto não tenta ensinar nada á criança, eles são felizes juntos. A comunicação. Passa por olhares, sorrisos, posturas, voz”.






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* Acadêmicas do curso de letras da UVA, 3º período

            Além desses primeiros momentos de construção de linguagem, rudimentar, deve-se considerar os fatores motores do tipo: a criança levanta a cabeça, chupa um pano, rabisca, imita os adultos, folheia as paginas do livro, caminha, sobe e disse de uma escada, diverte-se com os sons que produz, etc., junto da atenção, emoção e percepção constitui-se num conjunto importante para o inicio da produção da linguagem.
            Nos primeiros meses de vida, a criança desenvolve uma pré-linguagem. Caracteriza-se pelos olhares, sorrisos e produção de sons, que vão evoluindo passando pelas articulações dos lábios, até que haja a produção de balbucio. São sons vocálicos, inclusive da vogal [a], Por ser mais fácil de ser pronunciada, e não requer muito esforço por parte da criança, pois o som da vogal [a] é medial e não arredondada e conseqüente das vogais e, i, u. Mas a produção do balbucio só ocorrer por volta do primeiro ano de vida da criança.
            Por volta do segundo ano de vida a criança começa a dizer as primeiras palavras. Geralmente, as mais esperadas são “Papai e Mamãe.” Mas, isto não é regra e pode ser que estas não sejam primazes. Entretanto, a primeira palavra certamente fará referência á algo que lhe é familiar.
            Nesta fase, a criança utiliza-se da fala dos adultos com os quais convive como modelo. O que lhe permitirá a aquisição das primeiras palavras.
            Neste sentido, nos diz AIMARD(1998, p.64): “Nessas aquisições, o adultos desempenha diversos  papéis. Em primeiro lugar, é o provedor de modelos.
            Neste caso, o papel do adulto torna-se essencial porque é neste período que ocorre a chamada ecolalia, que consiste na repetição do final das palavras pronunciadas pelos adultos, como se fosse um eco.
            É também durante o segundo ano, que ocorrem as primeiras combinações de palavras, ou seja, as primeiras frases. E embora sejam apenas frases simples, as chamadas holófrases, exprimem muito mais do que uma simples palavra.
            Isso ocorre devido ao fato de a criança ainda ter um número reduzido de palavras em seu vocabulário não sendo suficiente para exprimir a compreensão, do mundo ao seu redor que já é superior ao número de palavras que a mesma consegue pronunciar. A Criança possui aptidões inatas, para desenvolver a linguagem, porém para que isso ocorra ela precisa tomar um banho de linguagem. Os pais são os responsáveis por esse banho de linguagem, são eles que estimulam seus bebês a balbuciar quando se dirigem a eles com diálogo. A criança passa a ouvir o mundo sonoro, por isso e muito importante os pais fazerem essa interação adulto e criança. Normalmente os adultos usam enunciados bastante simples para a criança compreender seus diálogos. Os bebês também recorrem ás formas de comunicação não verbais, como os gestos, as mímicas, uma entoação rica e marcada, a fim de atrair a atenção da criança. Esta linguagem que o adulto utiliza para se comunicar é variável à medida que a criança vais crescendo. Certamente a linguagem usada para se dirigir a um bebê, não seria igualmente empregada para uma criança de quatro anos por exemplo.
            Os pais desempenham durante o diálogo um duplo papel, são responsáveis pela apresentação dos modelos de linguagem para a criança, más também procuram compreender o que ela quer dizer. É importante que eles corrijam as frases sem pressionar demais. Assim a criança aprende a conversar dando espaço para seu ouvinte também falar.
            Essa forma de correção não deve ser demasiada e nem muito abertamente corretivo, pois isso será importantíssimo para a criança construir sua linguagem (AIMARD, 1998).
            A língua é adquirida e desenvolvida conforme o crescimento da criança. O bebê evolui a cada dia mediante a gestos, sorrisos e olhares, posteriormente iniciará o balbucio até as primeiras palavras. Esse desenvolvimento é inerente á linguagem e cada criança progride conforme o seu próprio ritmo.
            Em anexo observaremos características de aquisição da linguagem, onde foi realizada uma entrevista com pais de uma criança que denominaremos X.
X é uma criança esperta e bastante observadora. Gosta de conversar com as pessoas e faz muitas perguntas. Na fase do balbucio ela já sabia imitar sons de animais como o da vaca, do galo e do cachorro.
Suas primeiras palavras foram: não, bais (mais) ,mamãe e neném. Em seguida surgiram as perguntas: cadê o Dodô?(vovô) cadê mamãe? O nenê vai?  Sempre quando via alguém pronto para sair de casa. Suas frases eram bastante repetitivas quando aprendia algo novo ex: quero “bais” não! (mais), quero “pupula”! (pula-pula), quero botinha (motinha), quero “Abuçar” (almoçar).
            Suas maiores hesitações e falhas ocorrem pela troca de algumas consoantes. Em todas as palavras com “m” ele substitui por “b”, ex: Baria (Maria) exceto mamãe. Substitui também “V” por “D” Dodô (vovô), a consoante “C” por “T”, tasa (casa) e o Q pelo T, tente (quente).
            Seus pais desde cedo sempre conversavam e faziam brincadeiras com a criança e acreditam que isso ajudou no seu rápido processo de fala. Embora corra essas trocas de consoantes os pais procuram corrigi-las fazendo a criança repetir de forma correta.


Conclusão

            Ao longo deste trabalho chegou-se a conclusão de quanto é importante o papel dos pais interagindo com a criança no processo de aquisição da linguagem. Pois é através desta interação adulto-criança que as aptidões inatas referentes à linguagem, existentes em cada criança, são acionadas.
            Portanto, quanto mais os pais intensificam a comunicação com a criança, mais cedo ela desenvolverá sua linguagem.


Referências Bibliográficas


AIMARD, Paule. O surgimento da linguagem na criança.
Tradução de Cláudia Schilling. Porto Alegre: Artmed, 1998.

BALIEIRO JR, Ari Pedro. Psicolingüística. In MUSSALIN, Fernanda; BENTES, Anna Christina.(orgs.). Introdução à lingüística: domínios e fronteiras, v.2. São Paulo: Cortez, 2001.

SCARPA, Ester Mirian. Aquisição da linguagem. In MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Ana Christina. (orgs.). Introdução á lingüística: domínios e fronteiras, v.2 São Paulo: Cortez, 2001.
SHAYWAITZ, Sally. Entendendo a Dislexia: um novo e completo programa para todos os níveis de problemas de leitura. Tradução de Vinícius Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2006.
STERNBERG, Robert J. Psicologia cognitiva. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

Anexo

Nome da Criança: CCLN
Idade: 3 anos (36 meses)
Cidade: Camocim

Quais foram as primeiras palavras da criança?
Não, bais (mais), mamãe e neném.

Quais as suas primeiras frases?
Quero bais não!
Quero pupula (pula-pula)
Quero abuçar (almoçar)
Quero botinha (motinha)

Quais as palavras com mais hesitações e falhas?
A troca das consoantes, m por b ex: Bária (Maria)
C pelo T, tasa (casa), V pelo D Dodô (vovô) e
Q pelo T, tente (quente).

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