sábado, 6 de outubro de 2012

LITERATURA E FORMAÇÃO DE LEITORES





Vastilde  Ferreira Lima




            Levando em consideração a missão do professor de literatura de formar leitores eficientes, este artigo aborda o direito à literatura como um  dos Direitos Humanos, mostrando a relevância da função da escola, em apresentar variadas possibilidades de incentivo à leitura,práticas de ensino fundamentadas na vivência do aluno, estudadas e planejadas, assim como o papel fundamental do professor na formação de leitores, apresentando-se como um  leitor maduro, proporcionando aos alunos acesso à literatura de qualidade.A literatura promoverá no homem o desenvolvimento de sua intelectualidade, equilíbrio moral e psicológico, bem como uma maior integração com a realidade que o cerca.

Vivemos numa sociedade marcada pelos contrastes: de um lado uma maioria populacional, condicionada à pobreza; de outro, uma minoria economicamente e socialmente mais bem sucedida. O progresso, que deveria melhorar a vida das pessoas, muitas vezes atua inversamente, gerando mais desigualdades, barbáries, destruição, deixando bem nítidas as marcas das contradições humanas. A época presente é um período de incoerências, mas é também de mais consciência, pois há aqueles empenhados em resolver os problemas da sociedade, expandindo a consciência, indispensável à igualdade de direitos e oportunidades, independente das diferenças que houver. Por isso a Literatura é um direito de todos.
A promoção e a valorização dos direitos humanos estão na educação. A leitura de um clássico não deve ser privilégio dos mais favorecidos. A Literatura, que é arte da palavra, o fruto da expressão escrita do homem, deve estar presente na vida cotidiana de pobres e ricos. É feita pelo homem e por ele deve ser absorvida, independente das diferenças sociais. Mesmo variando a qualidade de sua produção, que pode ser alta ou baixa, ela estimula a reflexão, faz pensar, promove visões sobre o mundo e sobre o indivíduo, cultiva emoções, representa verdadeiramente a identidade de um povo, enfim, pode contribuir na luta pelos direitos do homem e ao livre acesso à construção textual de seu próprio semelhante, fomentando assim a idéia de uma sociedade mais justa e, portanto, mais humana. 
A formação de leitores tem sido temas de discussões, seminários, monografias e artigos dentro do nosso país. Existe uma enorme preocupação dos professores e educadores em despertar o interesse e o prazer do aluno pela leitura. Nas escolas públicas temos percebido a distância que há entre o aluno e a literatura. Como resultado disso estão os resultados de exames externos realizados em nossas escolas. É patente o nível baixíssimo de leitura e escrita dos alunos matriculados em escolas públicas. Convivemos com isso todos os dias.
Sabemos que o leitor começa a ser formado nas séries iniciais. Trabalhar a criança, levando-a a ter contato com a literatura, poderia ser o meio mais eficaz para a formação de leitores. Mas, o que fazer quando isso não aconteceu nas séries inicias e o aluno se encontra já no Ensino Fundamental ou mesmo o Médio, e ainda não é um leitor? Seria possível mudar esse quadro? Existe idade certa para formação de leitores?
Fundamentando-se nessa realidade com o intuito de buscar respostas a essas perguntas, que é causa de angústias de inúmeros professores de Língua Portuguesa e Literatura, este estudo foi desenvolvido através de consultas bibliográficas,baseado nos estudos de autores como Antônio Cândido, Marisa Lajolo,Hélder Pinheiro, Ezequiel Theodoro da Silva e Guaraciaba Micheletti ,todos ligados à formação de leitores e à importância da Literatura como forma de pensar e expressar-se.

2.NECESSIDADES E DIFICULDADES DA FORMAÇÃO DO LEITOR NO BRASIL
2.1.O DIREITO À LITERATURA
Pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer que aquilo que consideramos indispensável para nós é também indispensável para o próximo.
Antônio Cândido
                Vivemos numa época de intenso progresso. Nunca o homem avançou tanto no campo científico e tecnológico. Mas a maior contradição em tudo isso é um elevado índice de miséria, fome e analfabetismo em países subdesenvolvidos.
            Ao avançarmos tecnologicamente e industrialmente aumentou-se o conforto até alcançarmos níveis nunca sonhados, excluímos deles as grandes massas que condenamos à miséria. No Brasil, quanto mais cresce a riqueza, mais aumenta a péssima distribuição de bens. Cândido(2004, p.169) afirma: “Os mesmos meios que permitem o progresso podem  provocar a degradação da maioria.”
            Nesse período tão cruel que enfrenta a humanidade, temos a possibilidade, teoricamente falando, de entrever uma solução para as grandes desarmonias que geram a injustiça, através dos Direitos Humanos, no entanto, não nos empenhamos nela. Sobre isso Cândido(2004, p.170) fala que:
quem acredita nos direitos humanos procura transformar a possibilidade teórica em realidade, empenhando-se em fazer coincidir uma com a outra. Inversamente, um traço sinistro do nosso tempo é saber que é possível a solução de tantos problemas e no entanto não se empenhar nele.
            O que temos ouvido e visto são discursos hipócritas de igualdade e justiça. Falar em direitos humanos temos que reconhecer que aquilo que consideramos indispensável para nós é também indispensável para o próximo. E não nos referimos somente à alimentação e saúde, inclui-se aqui também o acesso à literatura. Temos a tendência de achar que os nossos direitos são mais urgentes que os do próximo.
            A respeito disso queremos citar o ponto de vista de um grande sociólogo francês, o padre dominicano Louis-Joseph Lebret, fundador do movimento Economia e Humanismo, sobre o qual Antônio Cândido(2004, p.173) cita em seu livro Vários Escritos. Ele fala da distinção entre “bens compressíveis” e “bens incompressíveis”.
            Entende-se como bens incompressíveis, os que não podem ser negados a ninguém, como o alimento, a casa, a roupa. Outros são compressíveis como os cosméticos, os enfeites, as roupas supérfluas. A fronteira entre ambos é difícil de fixar, pois o valor de uma coisa depende em grande parte da necessidade relativa que temos dela. Diz Cândido(2004,p.174):
São bens incompressíveis não apenas os que asseguram a sobrevivência física em níveis decentes, mas os que garantem a integridade espiritual. São incompressíveis certamente a alimentação, a moradia, o vestuário, a instrução, a saúde, a liberdade individual,o amparo da justiça  pública, a resistência à opressão etc. e também o direito à crença, à opinião, ao lazer, e por que não, à arte e à literatura.
                A arte e a literatura só poderiam ser consideradas bens incompreensíveis se a sociedade fosse mais justa, se correspondesse à necessidade profunda do ser humano. Levando em consideração o conceito amplo de literatura segundo Cândido(2004 ,p.174) como: “todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos folclore, lenda, chiste, até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita das grandes civilizações”, chega-se à conclusão de que a literatura faz parte da vivência do ser humano em todos os tempos.
Ninguém passa um dia sem em algum momento se entregar ao universo da fantasia. Literatura passa a ser uma necessidade universal, e, portanto, constitui um direito. Nas sociedades passa a ser um instrumento poderoso de instrução e educação. Tem papel formador da personalidade, pois na mão de um leitor o livro pode ser um objeto de perturbação e mesmo de alienação. É o poder humanizador da literatura. Desenvolve em nós a partícula de humanidade na medida que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade e o semelhante.
Segundo Cândido(2004, p.179-180):
A literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela.  (...) fruí-la é um direito das pessoas de qualquer sociedade, desde o início que canta as suas proezas de caça ou evoca dançando a lua cheia, até o mais requintado erudito que provoca captar com sábias redes os sentidos flutuantes de um poema hermético.
                Existe uma modalidade da literatura que visa descrever e tomar posições em face às desigualdades sociais. Podemos citar Castro Alves, assumindo a posição de luta contra a escravidão. Victor Hugo em sua obra Os miseráveis onde o tema principal é a pobreza, a ignorância e a opressão que geram crimes, ao qual o homem é condenado pelas condições sociais. Na França Émile Zola, fez uma verdadeira epopéia do povo oprimido e explorado.
            No Brasil o período onde se manifesta produção literária preocupada com o homem do povo, com seus problemas é, em alguns momentos o Naturalismo e, sobretudo no decênio de 1930, com José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, Érico Veríssimo e Graciliano Ramos e sendo vista deste ângulo, a literatura tem muito a ver com a luta pelos direitos humanos. Na obra de Rachel de Queiroz, O Quinze, temos o retrato do sertanejo sofrido e abandonado. É a descrição fiel da miséria e da fome que assolava o Ceará neste período. Sem esquecermos ainda de Euclides da Cunha, com Os Sertões, que é não somente uma obra literária, mas também um documento histórico. É uma denúncia da realidade brasileira, trazendo à luz, pela primeira vez em nossas letras, as verdadeiras condições de vida do Nordeste brasileiro.
Na sociedade brasileira, em que uma parte considerável da população é analfabeta, ou quase, e vive em condições precárias, é preciso que sua organização seja feita de maneira a garantir uma distribuição igualitária dos bens. Entretanto, o que se vemos é o homem do povo privado da possibilidade de conhecer e aproveitar a leitura de Machado de Assis ou Mário de Andrade. Para ele, ficou a literatura de massa, o folclore, a sabedoria espontânea e a canção popular, o provérbio. Não tirando a importância e a nobreza dessa modalidade, mas torná-las suficientes para a grande maioria, devido à pobreza e à ignorância, é impedi-la de chegar às obras eruditas. Para Cândido(2004,p.186):
O que há de grave numa sociedade como a brasileira é que ela mantém com a maior dureza a estratificação das possibilidades, tratando como se fossem compressíveis muitos bens materiais e espirituais que são incompressíveis.
            É preciso que a organização da sociedade seja feita de maneira a garantir uma distribuição eqüitativa dos bens para que a literatura erudita deixe de ser privilégio de pequenos grupos. Podem ocorrer movimentos e medidas, de caráter público ou privado para diminuir o abismo entre os níveis e fazer chegar ao povo produtos eruditos, pois o que falta à população carente não é a capacidade, mas sim a oportunidade.
            Nos países desenvolvidos, como a Itália, a população é alfabetizada e possui elevada cultura. Isso porque todos têm acesso à literatura erudita. O que existe, no Brasil,é um certo preconceito segundo o qual as minorias que podem participar das formas requintadas de cultura são sempre capazes de apreciá-las,o que não é verdade.As classes dominantes são geralmente desprovidas de percepção e interesse real pela arte e a literatura, o que se vê é mero esnobismo, porque este ou aquele autor está na moda.
            O que há é a privação de bens espirituais, que fazem falta e deveriam estar ao alcance como um direito.
            Lutar pelos direitos humanos abrange várias lutas, inclusive o acesso à todos dos diferentes níveis da cultura.A função da arte e da literatura em todas as modalidades e em todos os níveis é um direito intransferível, e só uma sociedade justa pode oferecer o respeito ao próximo, através dos direitos humanos.

2.2.LITERATURA E SUBDESENVOLVIMENTO

            A utopia de que a América se constituiria de um lugar privilegiado, narrado pelos conquistadores, no primeiro documento relativo ao nosso continente, a carta de Colombo, mostra-nos o deslumbramento e a exaltação da terra conquistada. Esse pensamento persistiria ainda por muito tempo depois. Antônio Vieira, aconselhou a transferência da monarquia portuguesa para o Brasil, no século XVII, talvez numa palavra profética. Mais adiante, surge a idéia de que a América Latina tinha sido predestinada a ser a pátria da liberdade.
            Segundo Mello(1963 apud CÂNDIDO, 1989,p.140), houve alteração marcada de perspectiva, pois até mais ou menos o decênio de 1930 predominava entre nós a noção de “país novo”, que atribuía a si mesmo grandes possibilidades de progresso futuro. Sem ter havido modificação essencial na distância que nos separa dos países ricos, o que predomina agora é a noção de “país subdesenvolvido”.
            A idéia de país novo produz na literatura atitudes de puro sentimentalismo e esperança quanto às possibilidades. Vemos isso nitidamente no Romantismo- o nosso céu era mais azul, as nossas flores mais viçosas, a nossa paisagem mais inspiradora que a dos outros lugares, no poema “Canção do exílio” de Gonçalves Dias. O conceito de pátria estava intrinsecamente ligada à de natureza.
            A consciência de subdesenvolvimento é posterior à Segunda Guerra Mundial e se manifesta claramente a partir dos anos de 1950. Mas desde o decênio de 1930 houve mudança de pensamento, percebido principalmente na ficção regionalista.
            O problema do analfabetismo, que tem suas raízes desde os primeiros tempos da história da educação no país, em que apenas alguns tinham acesso à escola, tem influenciado na formação de leitores. Na maioria dos países subdesenvolvidos, há grandes massas ainda fora do alcance da literatura erudita. Quando alfabetizadas e absorvidas pelo processo de urbanização, passam para o domínio da internet, da televisão, constituindo a base de uma cultura de massa. Daí a alfabetização não aumentar o número de leitores de literatura.
            A dependência cultural é outro fator relevante. Os escritores se voltavam para os padrões metropolitanos e europeus em geral, formando um agrupamento elitizado em relação ao homem inculto. Eles escreviam como se na Europa estivesse o seu público ideal, e assim se dissociavam muitas vezes da sua terra. Cândido(1989,p.149). explica isso:
...as elites imitavam, por um lado, o bom e o mau das sugestões européias; mas, por outro, às vezes simultaneamente, afirmavam a mais intransigente independência espiritual, num movimento pendular entre a realidade e a utopia de cunho ideológico. E assim vemos que analfabetismo e requinte,cosmopolitismo e regionalismo,podem ter raízes misturadas no solo da incultura e do esforço para superá-la.
            O que há de mais grave sobre a produção literária são as influências produzidas pelo atraso, anacronismo, degradação e confusão de valores. As literaturas latino-americanas, como também as da América do Norte, são galhos das metropolitanas. O nosso vínculo com as literaturas européias é um fato quase natural.
3.ASPECTOS DA FORMAÇÃO DO LEITOR NA ESCOLA
3.1.ESCOLARIZAÇÃO DA LITERATURA
Folheada, a folha de um livro retoma
O lânguido e vegetal da folha  folha,
E um livro se folheia ou se desfolha
Como sob o vento a árvore que o doa;
Folheada, a folha de um livro repete
Fricativas e labiais de ventos antigos,
E nada finge vento em folha  de árvore
Melhor do que vento em folha de livro.
Todavia a folha, na árvore do livro,
Mais do que imita o vento, profere-o:
A palavra nela urge a voz, que é vento,
Ou ventania varrendo o podre a zero.

João Cabral de Melo Neto
            Os gregos difundiram a leitura via escola, a partir do século VI a.C., intensificando-se no século IV a.C. e seguintes.Originalmente, predominou a forma de leitura em voz alta.A propagação da escola sugere que tinham como finalidade a educação da juventude.No século I a.C., Roma começa a consolidar sua expansão geopolítica, conquistando o norte da África e a Gália, hoje França.O período republicano romano, conta com um processo de escolarização organizado, que favorece à leitura.
            Somente no século III d.C. difunde-se a prática da leitura silenciosa, tendência que se consolida graças a uma transformação de ordem técnica: a substituição do volumen ou rolo pelo códex, formato aproximado ao que tem hoje o livro. Igualmente decisivo foi o processo gráfico ocorrido durante o século XII: torna-se comum separarem-se as palavras escritas,sistema que facilita a leitura.Esta ,por sua vez, se transforma em exercício escolar e depois de algum tempo universitário..
            O estudo da leitura, por sua vez, não requeria um fundamento teórico; mas dependia de uma metodologia eficaz, para se efetivar por meio da alfabetização. No entanto,quando a leitura se tornou verdadeira mania,após passar pelo processo de industrialização no século XVIII, requereu uma reflexão de outro tipo, em que se pensava não o aprendiz criança, mas o consumidor adulto.
            Desde o século XIX, com intensidade maior no século XX, proliferaram as teorias da alfabetização. Essas se desenvolveram especialmente em países pobres, onde, até hoje, se encontram tanto grandes contingentes de iletrados. Essa separação faz com que a literatura permaneça inatingível às camadas populares que tiveram acesso à educação, reproduzindo-se a diferença por outro caminho, sendo os letrados não mais aqueles que sabem ler, e sim os que lidam de modo familiar com as letras. Até certo período da história do Ocidente, o leitor era formado para a literatura; hoje, ele é alfabetizado e preparado para entender textos escritos, mas nem sempre a literatura se apresenta no seu horizonte.

3.2.A ESCOLARIZAÇÃO DO TEXTO  
            Vocês, garotos de colégio, não perguntem ao poeta
Quando nasceu.
Ele não nasceu.
Não vai nascer mais.
Desistiu de nascer quando viu que o esperavam
Garotos de colégio de lápis em punho com professores
Na retaguarda comandando: cacem o urso polar,
Tragam-no vivo para fazer uma conferência.

Carlos Drummond de Andrade


Literatura infantil e escola mantiveram sempre uma estreita relação, na tradição brasileira. A escola conta com a literatura infantil para difundir conceitos, sentimentos, atitudes e comportamentos através de narrativas ou pela força encantadora dos versos. Os livros para crianças sempre tiveram presença marcante na escola, quer seja por leitura obrigatória, ou como complemento de atividades pedagógicas ou para premiar melhores alunos.
Hoje em dia as tiragens dos livros infantis são superiores às dos livros não infantis e seu escoamento é rápido e seguro. O aumento da população escolar favoreceu a profissionalização do escritor de literatura infantil.
Até os anos cinqüenta/sessenta era prática corrente a utilização de textos literários como pretexto para exercícios gramaticais. Hoje, as atividades mais freqüentemente sugeridas para despertar e desenvolver o gosto pela leitura estão a transformações do texto narrativo em roteiro teatral; a reprodução em cartazes do tema, da história ou de personagens de livro etc.Lajolo(1997, p.70,71) diz:
A freqüência  com que essas atividades são sugeridas em fichas de leitura, encartes, suplementos e similares só se compara à sofreguidão com que, quando ausentes, são solicitados pelos caros mestres, às voltas com a árdua tarefa não só de fazer com  que seus alunos leiam,mas, principalmente, de fazer alguma coisa com o que seus alunos efetivamente leram.

            Ocorre a banalização do ato de ler se não houver atenção para os níveis metafóricos do texto e da leitura. Sem livros disponíveis, com professores despreparados essas atividades funcionam como uma varinha mágica que transformará crianças mal alfabetizadas em bons leitores. Sem a familiarização com os livros, professores, maus leitores, na rotina de tais atividades provocam riscos de alienação da leitura.
            Se houver planejamento do professor das atividades de leitura de acordo com a necessidade de sua classe, uma conversa com seus alunos e suas leituras, essas atividades adquirirão sentido e poder, tornando-se práticas significantes. É o que afirma Lajolo(1997,P.74):

Que os professores lutem por uma formação competentes, regular e supletiva, que os liberte da tutela de cursos efêmeros e do paternalismo autoritário de receitas de leituras apostas a livros; que os autores se mobilizem no sentido de fazerem frente à escolarização de seus textos; e que os demais envolvidos-nós todos- discutamos nos circuitos, bastidores e arrabaldes da literatura infantil o caráter histórico da organicidade institucional dos livros infantis, refinando categorias para a compreensão dessa historicidade que também nos envolve, cumprindo,assim, de forma mais crítica, o papel que nos cabe, e que ninguém cumprirá por nós.
4.O LEITOR NA SALA DE AULA

4.1.O TEXTO NA SALA DE AULA

            A presença do texto na escola cumpre várias funções, menos o de objeto de prazer. O que acontece nas escolas é que o texto vira pretexto, ser intermediário de aprendizagens outras que não ele mesmo. O autor o produz individualmente e deve ser leitura igualmente individual de um leitor.
            O professor deve assumir com os alunos uma perspectiva que respeite a natureza específica do texto. Assumindo também a posição de leitor, leitor mais maduro, mas leitor. Sem produzir respostas antecipadas às discussões e atividades propostas a partir da leitura, isto deve ser feito pelo aluno. O que ocorre muitas vezes é que o professor não é um bom leitor e por isso a dificuldade de formar bons leitores. Os textos não apresentam significados e certamente não apresentarão significados para os alunos. O papel do professor é fundamental na formação do leitor. Acreditamos que se tivéssemos docentes leitores conseguiríamos aumentar o número de leitores no nosso país.
            É necessário que o mestre pratique a leitura e goste de ler e que o aluno perceba isto. O aluno deve ter a liberdade de escolher seus textos, isso não acontece no cotidiano escolar. Ao fazer do texto pretexto, o professor corre o risco de contribuir para a alienação do processo educativo.Lajolo(1985,p.53) afirma:
Se a relação do professor com o texto não tiver um significado, se ele não for um bom leitor, são grandes as chances de que ele seja um mau professor. E, à semelhança do que ocorre com ele, são igualmente grandes os riscos de que o texto não apresente significado nenhum para os alunos, mesmo que eles respondam  satisfatoriamente a todas as questões propostas.

            Na leitura em sala de aula, o aluno deve ter a liberdade de escolher seu texto. Essa liberdade parece, às vezes, distante do seu dia-a-dia escolar. Tudo o que chega à escola via livro didático parece tornar-se inquestionável. Transforma-se numa verdade absoluta, e duvidar dela ou discuti-la costuma, em muitos casos, refletir-se negativamente na avaliação do aluno.
           
            Segundo Lajolo(1985,p.54) “o professor corre o risco de contribuir para a alienação do processo educativo. E ao fazer do texto pretexto de qualquer forma de dogmatismo, está desfigurando o texto.

Vale ressaltar que o que ocorre também é que mesmo com um texto ruim, se pode fazer um bom trabalho. Desde, é claro, que se trate de um bom leitor; levando a sério a autonomia em relação aos livros didáticos. Mas, assim como um bom leitor pode atenuar a carga negativa de um  mau texto, um bom texto pode ser prejudicado por um mau leitor.

Os textos devem ser contextualizados para e pelos alunos. Professores bem intencionados se vêem diante dos programas, encarnados nas autoridades escolares, que fiscalizam aulas, diários, avaliações. No terceiro ano do ensino médio, são os próprios alunos que cobram do professor o cumprimento de um programa gramatical extenso e inspirado nos exames vestibulares.
A aprendizagem das modalidades cultas da linguagem, só é suficiente na medida em que habilita o aluno a produzir textos nela, a reconhecê-la quando frente a ela e, mais importante, perceber as ocasiões oportunas para utilizá-las. Trata-se de contextualizar as normas gramaticais.
O texto para ser bom, segundo Lajolo, não é necessariamente incompreensível, mas o bom texto é necessariamente complexo. Não complexo na sua manifestação exterior, mas na relação que há entre ele (texto) e o leitor. E isso é possível quanto mais maduro for o leitor e melhor for o texto. Portanto é preciso expor ao aluno uma variedade de textos, se realmente queremos que ele melhore sua leitura. E essa melhora não se verifica através de memorização ou velocidade de leitura, mas através dos níveis sucessivos e simultâneos de significados que o aluno(leitor) vai construindo para o texto.
O que se percebe em nossas salas de aulas são preconceitos. Preconceitos contra alguns tipos de textos. Isso tem que ser exterminado. Deve-se proporcionar ao aluno maior contato com o texto literário e não mera exposição da história da literatura. A leitura de textos literários é o que o transformará em leitor maduro. Não adianta estudar a biografia de José de Alencar, por exemplo, e o Romantismo, se o aluno não tiver contato com  a obra do autor,se ele verdadeiramente não conhecer o autor,através da sua obra.
Nos textos de livros didáticos, temos a proposição de exercícios chamados de compreensão. Esta compreensão não deve ser esgotada em si. Saber só isso de um texto é muito pouco. Estaríamos assim transformando o texto numa leitura redutora. Deve haver a criticidade e a contextualização do texto. É preciso que os alunos se identifiquem com o mesmo. Transformar as ocorrências do texto em algo significante. Lajolo(1985, p.59) define o ato de ler da seguinte forma:
Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir de um texto, ser capaz de atribuir-lhe significação, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista.


            O texto presente nos livros escolares se presta, muitas vezes, ao papel de “motivador de redações”. Há quem acredite que, por um milagre, o aluno que lê um bom texto está automaticamente apto a produzir um texto bom. A relação entre o ler e escrever é algo mais forte do que usar a tecla da criatividade.
            Partir de um texto para a produção de outro pode ser eficiente, desde que não se abandone a perspectiva de que é o processo de significação atualizado no texto escrito, formado como ponto de partida, que pode provocar o processo de significação do texto a ser criado.
            No ensino médio da maioria das escolas públicas brasileiras, a literatura é apresentada em uma única aula semanal. O professor, portanto, não tem o tempo necessário para trabalhar o texto literário, haja vista, a indisponibilidade de tempo. Mesmo diante de tamanha dificuldade, o que importa é a postura do professor, É a atitude com que ele, juntamente com a classe, se entrega ao texto. Que dê sentido crítico ao texto. Só desta forma é que o texto pode deixar de constituir pretexto e ilustração do que se convencionou chamar de história da literatura. Como diz Lajolo(1985, p.62):

E a cada novo texto com que se defronta, o aluno pode vivenciar de forma crítica a atitude de sujeito, não só de sua linguagem, mas de uma teoria e uma história da literatura de seu povo. A não ser assim, a literatura não cumprirá sua função maior no contexto, se não da escola, ao menos da formação do indivíduo livre.


            As atividades escolares das quais o texto participa precisam ter sentido. É a partir da literatura que a importância do sentido do texto se manifesta em toda a plenitude. A relação entre aluno/texto, professor/texto deve ser de diálogo. É a partir do texto que cada um vive a grande aventura.

4.2.A POESIA NA ESCOLA

Está claro que a personalidade do professor e particularmente, seus hábitos de leitura são importantes para desenvolver os interesses e hábitos de leitura nas crianças, sua própria educação também contribui de forma essencial para a influência que ele exerce.

                                  Richard Bamburger


            A leitura literária em geral requer condições indispensáveis, isto já foi comentado desde o início deste artigo. No entanto, a leitura do texto poético tem peculiaridades e carece de mais cuidados que o texto em prosa. Dentre os gêneros literários, a poesia é o que está mais distante da sala de aula, por isso, a tentativa de aproximá-la dos alunos deve ser feito de forma planejada.
            A primeira condição indispensável é que o professor seja realmente um leitor, que tenha uma experiência significativa com leitura. Isto não significa que ele tenha que ser um erudito, mas que embora tenha lido poucas obras, o fez de forma proveitosa, que conheça poemas centrais de determinados poetas. Sobre isso, PINHEIRO(2002, P.24)em sua obra Poesia na sala de aula comenta:

Um professor que não é capaz de se emocionar com uma imagem, com uma descrição, com o ritmo de um determinado poema, dificilmente revelará na prática, que a poesia vale a pena, que a experiência simbólica condensada naquelas palavras são essenciais em sua vida. Creio que sem um mínimo de entusiasmo, dificilmente poderemos sensibilizar nossos alunos para a riqueza semântica da poesia.
                Isso tem sido comprovado em nossa experiência em sala de aula. Lecionamos no ensino médio de uma escola pública estadual em Sobral, interior do Ceará. Percebemos de início que o desconhecimento dos alunos de poesia era grande. Começamos, então a introduzir em nossas aulas leituras de poesias. Semanalmente, trazemos pra sala, paradidáticos de nossa biblioteca escolar, livros de poesias selecionadas de autores consagrados da literatura e também literatura de cordel,principalmente Patativa do Assaré.
            Depois da leitura silenciosa e individual, os alunos selecionam as que mais gostam. As poesias selecionadas, lemos em voz alta para eles. É impressionante o que percebemos. Conseguimos despertar o interesse deles e notamos como eles gostam de poesia. Eles gostam de ouvir o professor lendo. Ficam todos atentos. A procura por livros, principalmente de poesias, na biblioteca de nossa escola têm aumentado.
            Somos de vez em quando surpreendidos por alunos nos corredores da escola, após as aulas ou até mesmo por “e-mail”, pedindo-nos cópias de poesias que lemos em sala de aula. Outro dia levamos Mário Quintana pra eles e começaram a procurar na biblioteca livros de Mário Quintana. Vale ressaltar que esta leitura é feita sem cobranças. É uma leitura pelo simples prazer de ler e viajar no mundo das palavras. O que mais nos impressionou foi que,  a partir de uma atitude tão simples do professor, o de assumir a postura de leitor maduro, fez a grande diferença. É preciso não só falar para o aluno que ele deve ler, mas mostrar isso pra ele, lendo. É preciso que o aluno veja em nós um leitor. Não poderemos formar leitores se não formos leitores. E isso tem que ser uma prática diária em nossa sala de aula.
            Outra condição é que antes do planejamento, o professor faça uma pesquisa sobre os interesses dos alunos. Atento a isto, o professor oferece, inicialmente, poemas mais facilmente apreciados, levando em consideração o conhecimento das fases de desenvolvimento intelectual e afetivo da criança e do adolescente. Se necessário pedir sugestões a eles, desde que a experiência não se esgote nesses dados. Se tivermos em salas do ensino médio, onde as experiências são mais diversificadas, já se devem discutir inclusive, questões de linguagem deste e/ou daquele autor.
            Hélder Pinheiro sugere que o ambiente em que se vai trabalhar a poesia deve ser indispensável. Deve-se criar um ambiente adequado, sobretudo nos primeiros anos de estudo. Ir ao pátio da escola para ler, pôr uma música de fundo no momento da leitura. Todas essas condições dizem respeito à prática do professor, mas há outros que fogem ao domínio do professor.
            É imprescindível o uso da biblioteca, ir à biblioteca escolher livremente a prateleira que quiser, descobrir autores desconhecidos. Para que isto aconteça, a biblioteca deve ser um lugar agradável e não um mero depósito de livros, como acontece em muitas escolas brasileiras.
            Mesmo criando as condições mais adequadas para favorecer o hábito de leitura, muitas vezes, nos escapam muitos possíveis leitores-sobretudo se o trabalho não for iniciado nas séries iniciais. A condição essencial é iniciar a criança o mais cedo possível no mundo da leitura, seduzi-la desde cedo para a riqueza interior que a leitura pode nos proporcionar. Concluímos com Micheletti( 2002,p.67) :
Que a escola desenvolva no aluno(leitor)sua habilidade para sentir a poesia, apreciar o texto literário, sensibilizar-se para  a comunicação através do poético e usufruir da poesia como uma forma de comunicação com o mundo.

           
4.3. A NARRATIVA NA SALA DE AULA

            Um traço comum entre os povos da terra é o gosto pelas histórias. Todos gostam de inventar, contar e ouvir histórias. Contar histórias é uma atitude que nos vem desde os primórdios da humanidade. Em tempos muito antigos, as pessoas se reuniam para ouvir histórias e... aprender; contar histórias e ouvi-las era uma forma de ensinar e aprender. O narrador era alguém mais velho que transmitia o seu saber aos mais jovens.
            Histórias são narrativas, são relatos e sucessões de ações que se encadeiam. Podem ser classificadas de várias maneiras. Certas narrativas são em versos, outras são em prosa. Algumas têm diálogos, outras não, não importam como são, o que é impressionante é como isso se tornou parte de nossa tradição, mantida pelas mães e avós que contavam histórias às suas crianças. O mundo mudou, mas continuamos contando histórias, ouvindo histórias e lendo histórias. E a escola, hoje, tem um papel fundamental nessa tradição, tendo como orientador o professor, como diz Micheletti(2002., p.66):
O professor não é o narrador que relata diretamente os acontecimentos, mas um mediador desse relato. Como mediador, ele é um primeiro leitor que vai transmitir os eventos da  narrativa, mas é sobretudo um comentador dessa narrativa.


            O que acontece é que essa mediação não é tarefa fácil, pois várias questões interferem: desde a seleção do texto até focalizá-lo. Quanto à escolha tem que se  levar em consideração o que se pretende ensinar ou com que atividade lúdica se queira introduzir no espaço da sala de aula. A questão principal é: como lidar com um texto se o nosso objetivo é formar o tão sonhado leitor crítico? Existe, portanto, a necessidade de se refletir um pouco sobre as abordagens de narrativas na sala de aula.
            Para Micheletti, existem duas formas de se iniciar um enfoque: a análise externa e a análise interna. Na análise externa, se detém às condições de produção da narrativa, incluindo fatores como elementos socioculturais e a individualidade do autor. A análise interna prende-se à obra enquanto tal, considerando a sua estrutura e o que ela comunica excluindo as avaliações externas, biografia do autor, história da composição etc. Em síntese, qualquer modelo teórico de abordagem pode ser eficiente, desde que se explorem as suas virtudes e se busque ultrapassar as suas limitações.
            Dentre os gêneros textuais narrativos, o conto torna-se mais fácil de ser lido com os alunos em sala de aula, por ser uma narrativa curta. Ler um romance requer mais tempo e o professor não dispõe do mesmo. O conto é perfeito, pois, o professor em companhia dos alunos pode explorá-lo minuciosamente.



5.A BIBLIOTECA ESCOLAR E SUA INFLUÊNCIA NA FORMAÇÃO DE LEITORES


...ensino e biblioteca são instrumentos complementares (...);ensino e biblioteca não se excluem, completam-se.Uma escola sem biblioteca é um instrumento imperfeito.A biblioteca sem ensino, ou seja, sem a tentativa de estimular, coordenar e organizar a leitura, será, por seu lado, instrumento vago e incerto.

                                  Lourenço Filho
 

            A necessidade de instalação de bibliotecas em nossas escolas não é tão nova ou recente como parece. Ainda hoje, muitas escolas brasileiras não possuem bibliotecas, ou quando possuem não apresentam condições concretas para a formação de leitores e, conseqüentemente, para a disseminação do hábito de leitura. As bibliotecas assumem papel fundamental ao possibilitar às pessoas o acesso à leitura, através do seu acervo e mais precisamente, através daqueles que são a mais fiel tradução do conhecimento disponibilizado no mundo: os livros.

            Atualmente, no Brasil, a escola transformou-se na principal agência responsável pelo ensino do registro verbal da cultura. Em outras palavras, o acesso à leitura significa ter acesso à escola e nela obter as habilidades e os conhecimentos necessários à participação no mundo da escrita.

            Sabe-se que o processo de leitura em nosso país está relacionado diretamente à nossa problemática social. A maioria das famílias brasileiras não tem condições financeiras para aquisição de livros. E isso já faz parte de uma cultura, ler é atitude de poucos aqui. Vemos a diferença quando analisamos as famílias e observamos alunos em que os pais são leitores e alunos em que os pais não o são. Alunos, filhos de pais leitores, têm maior possibilidade de tornar-se também um leitor. É lógico que isso não é uma regra, mas na maioria dos casos acontece.

            A escola tem um sério compromisso na formação de leitores em nosso país. A biblioteca escolar deve ser um lugar de acesso à literatura crítica e democrática. Deve ser um lugar onde alunos, professores visitem regularmente. Não deve ser jamais um instrumento de correção para alunos indisciplinados. O que tem que acontecer em nossas escolas é uma política mais centralizada de incentivo à leitura. Não basta o professor mandar o aluno ler, ele (o professor) deve ser antes, um leitor. Ezequiel Theodore da Silva(1999,p.112),defende a respeito do que deveriam ser nossas bibliotecas escolares:

Ela deve se colocar como o cérebro da escola, ou seja, o local de onde partem os movimentos básicos em direção a recriação ou criação do conhecimento, servindo a professores, alunos e comunidade. Caso seja definida desta maneira, a biblioteca deixa de ser um complemento ou apêndice secundário de trabalho, transformando-se num recurso básico para as decisões curriculares, permitindo a atualização pedagógica dos professores, a aprendizagem significativa dos estudantes e a participação da comunidade em termos de indagações várias.

            O que melhor caracteriza uma biblioteca não é a beleza de sua decoração, mas sim a qualidade do seu acervo e a funcionalidade dos seus serviços. A qualidade do acervo da biblioteca é estabelecida pelo atendimento às necessidades reais da leitura dos usuários. A funcionalidade dos serviços é definida pela própria dinâmica da biblioteca, nos aspectos de seleção e aquisição das obras e pela sua capacidade em atrair e aumentar o público leitor. 
            Algumas ações em prol da leitura já estão sendo realizadas em nossas escolas, mas não é o suficiente. Para que se possa promover a leitura, faz-se necessário um esforço entre bibliotecários, professores, profissionais ligados à área de leitura, governos e entidades, a fim de que se realizem ações concretas para que a biblioteca seja estímulo para a formação de um aluno leitor. É também através da biblioteca escolar que a escola e a comunidade podem deixar sua marca na cultura e na história.
6.CONSIDERAÇÕES FINAIS

            A literatura é uma necessidade universal. Seu papel é desenvolver nas pessoas um espírito analítico e crítico; mas isso só acontece quando lhes é dada a oportunidade. É, portanto, um direito. Quando se fala em direitos humanos, segundo Cândido, pensamos naquilo que consideramos indispensável para nós e também indispensável para o próximo. Lutar pelos direitos humanos abrange várias lutas, inclusive o acesso a todos os níveis de cultura e isso inclui a literatura.

            Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, o problema do analfabetismo, que tem suas raízes desde os primeiros tempos da história da educação no país, em que apenas alguns tinham acesso à escola, tem influenciado na formação de leitores,ao contrário dos países desenvolvidos,pequenas massas têm acesso à literatura erudita.

            A partir dos gregos a literatura entra na escola, e a partir daí também ocorre a banalização do ato de ler. O que existe em muitas escolas é falta de livros disponíveis e professores despreparados. Sem a familiarização com os livros, professores, maus leitores, sem planejar suas atividades de acordo com a necessidade de sua classe, pode tornar a prática de leitura insignificante e de alienação.

            O papel do professor é fundamental na formação de leitores. É necessário que o mestre pratique a leitura e goste de ler e que o aluno perceba isto. Os hábitos de leitura do professor são importantes para desenvolver os interesses e hábitos de leitura nos alunos. Através da poesia, ou mesmo numa narração em sala de aula, o professor poderá emocionar seus aluno e mostrar-lhes que ler é uma atividade prazerosa. É necessário que a escola aprecie o texto literário para sensibilizar o educando à comunicação com o mundo.

            A biblioteca escolar assume o compromisso com a criança ou adolescente de proporcionar-lhe textos de qualidade, que intervenham na formação das mentes e levem-no ao exercício da reflexão, além de promover o acesso à literatura de qualidade.

            A literatura é o meio de aquisição de conhecimento e humanização do leitor. Exerce no meio social, papel importante, sobretudo no homem. Mas isto só ocorrerá plenamente se for concedida a importância que lhe cabe, através de um esforço de interpretação e compreensão do seu significado. Essa interpretação e compreensão resulta da ação que efetuamos no dia-a-dia: a prática da leitura.


7.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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COSSON, Rildo. Letramento Literário: Teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.

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_________. Poesia:uma frágil vítima da escola.  In:  Do mundo da leitura para a leitura do mundo.São Paulo: Ática, 1997, p-41-51.

LAJOLO, Marisa e ZILBERMAN, Regina (org.) Leitura em crise na escola: as alternativas do professor. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1985.

LAJOLO,Marisa e ZILBERMAN, Regina. A formação da leitura no Brasil. 3ª. Ed. São Paulo: Ática, 1999.

MICHELETTI, Guaraciaba. Leitura e construção do real: o lugar da poesia e da ficção. 3ª. Ed. São Paulo: Cortez, 2002.

PINHEIRO,  Hélder.  Poesia na sala de aula. 2ª. Ed. João Pessoa : Idéia, 2002.

QUEIROZ, Raquel.O Quinze, 73ª edição.São Paulo :ARX,2002

RAMOS, Graciliano. Vidas Secas, 104ª edição, Rio de Janeiro:Editora Record, 2008.

REGO, José Lins do. Menino de Engenho.92ª edição. Rio de Janeiro:José Olímpio,2006.

SILVA, Ezequiel T.da.  Elementos de pedagogia de leitura. 3ª. Ed.  São Paulo: Martins Fontes, 1998.

VERÍSSIMO, Érico . O Tempo e o Vento. 1ª edição .São Paulo, Editora Globo,2004.

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